Na última quarta-feira (15), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros (PBSF) realizaram o webinar "Setembro Verde Esperança - Campanha Nacional de Conscientização sobre Asfixia Perinatal". O evento foi mais uma ação para celebrar este mês, escolhido para ser um período de conscientização; e contou com a coordenação da dra. Maria Albertina Santiago Rego, presidente do Departamento Científico de Neonatologia da SBP; e do dr. Gabriel Fernando Todeschi Variane, diretor do PBSF.
A programação abordou diversos temas relacionados à prevenção e abordagem terapêutica de recém-nascidos com asfixia perinatal, e trouxe renomados especialistas que elencaram os pontos mais relevantes que impactam na prática clínica para melhoria dos cuidados. O webinar foi transmitido no canal do YouTube do PBSF.
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Na abertura, dra. Albertina destacou a importante parceria entre a SBP e o PBSF, junto a outras instituições, em prol da conscientização sobre a asfixia perinatal. “Estamos realizando esse evento pelo segundo ano, e o nosso maior objetivo é reduzir a zero as deficiências e a paralisia cerebral por encefalopatia hipóxico-isquêmica, que é a causa mais comum e que podemos prevenir. Estamos falando de crianças que poderiam nascer saudáveis, porém, se desviam desse percurso por conta de falhas na estrutura, processos ou monitoramento dos cuidados”, analisa.
Dr. Gabriel Variane também destacou a parceria entre as entidades envolvidas no evento e a urgência de falar sobre a asfixia perinatal. "Quando temos uma criança com uma deficiência severa há um devastador impacto social e econômico. Importantes ações, como a evolução no cuidado pré-natal e o Programa de Reanimação Neonatal da SBP, tiveram importante impacto na prevenção da asfixia perinatal no País. Mas, muitos trabalhos ainda podem e devem ser feitos para que esse cenário melhore ainda mais", afirma.
A coordenadora do Programa de Reanimação Neonatal (PRN-SBP), dra. Maria Fernanda de Almeida, enfatizou o impacto dessa condição, responsável por 1/3 das mortes de recém-nascidos no mundo. “Um trabalho realizado pelo PRN-SBP indicou que no País, entre 2005 e 2010, de cinco a seis recém-nascidos, com peso superior a 2.500 gramas e sem malformações congênitas, morriam por dia na primeira semana de vida por causas associadas à asfixia perinatal. Algumas intervenções podem reduzir essas mortes em 10 a 60%, como: melhora da saúde materna, reconhecimento dos riscos no pré-natal e qualificação do atendimento ao parto. Além disso, a reanimação neonatal imediata pode reduzir os óbitos em 5 a 20%; e o tratamento das complicações da asfixia pode reduzir em mais 5%”, pontua a especialista.
Sobre os cuidados após a internação do recém-nascido asfixiado, dr. Renato Procianoy, membro do DC de Neonatologia da SBP e editor-chefe do Jornal de Pediatria (JPed), explicou que o uso da hipotermia terapêutica é um dos primeiros caminhos pensados.
“Existem vários trabalhos evidenciando que o uso da hipotermia terapêutica diminui em cerca de 20% os riscos de morte ou desabilidades maiores entre esses pacientes. Indicamos essa terapia quando há evidências de asfixia perinatal e encefalopatia moderada a severa antes de seis horas de vida. Mas é um procedimento que envolve certas questões na UTI neonatal, como equipamentos específicos e uma série de cuidados sofisticados. Além disso, alguns estudos indicam que em países de média e baixa renda os resultados alcançados não são tão bons quanto em países desenvolvidos. Porém, recomendo para aqueles que não optem pela hipotermia terapêutica, seja por falta de condições adequadas ou por dúvidas sobre a sua eficácia, que evitem a hipertermia, pois é uma tratamento muito mais deletério”, explica.
No evento, ainda foi abordada a importância da estimulação precoce para o neurodesenvolvimento, tema sobre o qual falou a dra. Rita de Cássia Silveira, também membro do DC de Neonatologia da SBP.
“Nas consultas, em um manejo multiprofissional, é essencial que observemos o comportamento da dinâmica familiar, das interações e do vínculo. Apenas assim avaliamos bem o desenvolvimento, com atenção aos marcos do desenvolvimento. Além disso, é importante realizarmos o teste de Denver em todas as consultas, ele é facilmente aplicável e colabora para o direcionamento dos cuidados do pediatra e do neonatologista. Também é essencial termos escalas diagnósticas para planejarmos a melhor estimulação e orientação familiar”, detalhou.
A CAMPANHA – Lançada em setembro de 2020, a campanha Setembro Verde Esperança visa aprimorar ainda mais a atenção ao recém-nascido na prevenção e abordagem da asfixia perinatal. O movimento é uma iniciativa do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros, entidade sem fins lucrativos e liderada por um grupo de profissionais de saúde preocupados com o alto número de bebês que correm o risco de viver com sequelas neurológicas irreparáveis decorrentes da falta de oxigenação no cérebro e nos órgãos durante o nascimento e conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
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