O combate às fake news da hesitação vacinal acaba de ganhar um aliado de peso: os personagens da Turma da Mônica. Por meio de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Questão de Ciência (IQC), o Instituto Cultural Mauricio de Sousa roteirizou e produziu a revista em quadrinhos “Fake News da Vacinação”.
Já disponível em versão digital, nos sites da SBP e do IQC, a publicação foi lançada oficialmente na quinta-feira (9), no 22º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica e 17º Simpósio Brasileiro de Vacinas, em Curitiba (PR). O conteúdo explica, ao longo de 20 páginas, a origem das fake news das vacinas, como elas se espalham e as suas graves consequências, como o risco de reaparecimento de doenças extintas no Brasil, a exemplo do sarampo e da poliomielite. Tudo de uma maneira lúdica, que inclui passatempos e um roteiro que insere o tema da hesitação vacinal numa interação entre os personagens Cebolinha, Fernando e Luca e seus familiares, dando destaque ao papel do pediatra no esclarecimento do funcionamento das vacinas e da sua importância para prevenir doenças.
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A revistinha retrata situações que, infelizmente, tornaram-se comuns hoje em dia. Nele, os pais de Fernando decidem não vacinar o filho por terem visto “na internet” que isso pode ser “muito perigoso” e “fazer mal” para a saúde da criança. Mas, ao sair para uma partida de basquete com Cebolinha, Fernando conhece Luca, personagem que usa cadeira de rodas. O menino conta como seus pais, ao darem ouvidos a “boatos sobre as vacinas”, deixaram-no vulnerável à poliomielite. Também conhecida como paralisia infantil, a doença foi erradicada há quase 35 anos no Brasil, mas tem voltado a preocupar os pediatras devido à queda na cobertura vacinal.
A revistinha é mais uma iniciativa em conjunto entre SBP e IQC para combater a hesitação vacinal. Recentemente, as instituições apresentaram um estudo inédito no País com 1.000 pediatras brasileiros para compreender a visão dos especialistas a respeito da vacinação e das fake news. Segundo a pesquisa, o medo de possíveis eventos adversos (com 19,76%) aliado à falta da confiança nas vacinas (19,27%) são atualmente os principais motivos que levam pais e responsáveis a negligenciar a vacinação de crianças e adolescentes.
SAÚDE PÚBLICA – Conforme salienta o presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, em tempos de mitos espalhados pela internet, é essencial proteger as famílias brasileiras ampliando o acesso ao conhecimento científico, através de fontes seguras. “Não vacinar é um ato grave, pois coloca crianças e adolescentes sob risco desnecessário. Está mais que comprovado que as vacinas são seguras e eficazes para evitar doenças. Ao longo da história, milhares de vidas foram salvas por conta da imunização em massa da população brasileira”, afirma.
Já o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, ressalta que manter a vacinação em dia é um dever de todo cidadão com a saúde pública do País. “Vacinar não é uma simples questão de opção individual. É um compromisso cívico coletivo. Quando a gente vacina nossos filhos, estamos protegendo não somente a eles, mas também diminuindo as chances de transmissão de doenças para toda a comunidade em volta, inclusive aqueles que realmente não podem se vacinar, como bebês, que demoram vários meses até poder tomar algumas das vacinas e podem sofrer consequências graves caso peguem doenças como o sarampo, entre elas até a morte. Entender e espalhar essa mensagem é uma missão de todos nós”, frisa o pediatra.
O diretor executivo do Instituto Mauricio de Sousa, Amauri Sousa, ressalta a relevância dessa iniciativa no que tange a garantia de direitos na infância. "Ao alertar sobre a importância de manter a caderneta de vacinação atualizada, o Instituto Mauricio de Sousa atua em defesa dos direitos da criança, como fazemos há muitos anos, iniciando com a edição em quadrinhos do Estatuto da Criança e do Adolescente, da qual já foram distribuídos mais de 30 milhões de exemplares. Acreditamos que com essa nova revistinha iremos alcançar toda a sociedade”.
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA – Para o doutor em microbiologia e diretor de Educação do IQC, Luiz Almeida, as crianças podem ser aliadas importantes no combate às fake news. “A desinformação não é uma mentira ‘inocente’, mas pode ser combatida por diferentes iniciativas e linguagens baseadas na ciência, a exemplo dessa revistinha, que alerta para as consequências terríveis das fake news”, diz. “A publicação cria um círculo virtuoso, na medida em que pode ser usado pelos pediatras para informar às crianças e seus familiares sobre o benefício e a segurança das vacinas”, completa.
Para a dra. Natalia Pasternak, presidente do IQC e professora de Comunicação de Ciência na Universidade de Columbia, a parceria com o Instituto Mauricio de Sousa contribui para, de maneira descomplicada e acessível, levar as mensagens da ciência para toda a sociedade. “Esperamos, com essa e outras iniciativas que temos conduzido ao lado de importantes parceiros como a SBP, contribuir para que a ciência esteja sempre bem representada no debate público”, resume.
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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