A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) se uniram em uma campanha de incentivo à vacinação. O objetivo principal é conscientizar a população sobre a importância da imunização como forma de proteger as crianças, contribuindo, assim, para melhorar os índices de cobertura vacinal no País, prioritariamente entre aqueles que têm até cinco anos de idade.
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A iniciativa prosseguirá em 2019, mas teve como seu marco inicial um acordo firmado entre essas duas organizações, em agosto deste ano. O público-alvo da campanha é composto por gestores públicos de saúde, profissionais de saúde, especialmente pediatras, as famílias de crianças pequenas e a comunidade geral.
PARCERIA – “Essa é uma parceria extremamente importante para nós. Tanto a SBP quanto o UNICEF lutam incessantemente pela melhoria da qualidade de vida e da saúde das crianças e adolescentes brasileiros. Nesse momento, em que o Brasil sofre novamente com o surgimento de novos casos de sarampo e o risco de volta da poliomielite, temos a obrigação de promover ações que fortaleçam e conscientizem os pais sobre a importância de vacinar os filhos”, comenta a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva.
Essa visão é compartilhada pelo UNICEF. “A questão da imunização está no DNA do UNICEF. Vínhamos acompanhando os números exitosos do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, reconhecido mundialmente, que até 2015 trazia bons índices de cobertura vacinal. A partir de 2016, passou-se a observar uma queda nesses índices, especialmente das vacinas contra o sarampo e a poliomielite, até que o Brasil voltou a apresentar novos casos de sarampo, sendo a maioria deles no Amazonas e em Roraima”, explica a coordenadora da área de saúde da entidade, dra. Cristina Albuquerque.
Ela lembra que um dos motivos para o ressurgimento do sarampo no Brasil se deve à baixa percepção de risco da população e até de alguns profissionais de saúde. “Criou-se a sensação que, devido à erradicação do sarampo em 2016 e da pólio desde 1989 não havia mais a necessidade de se vacinar as crianças. No entanto, é preciso manter as coberturas vacinais das crianças elevadas, enquanto ainda existam casos dessas doenças em outros países.
O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, elogiou a iniciativa. “O UNICEF é uma instituição que luta incessantemente para que os direitos das crianças e adolescentes sejam respeitados e essa parceria é de enorme importância e vai ao encontro dos objetivos da SBP”. Segundo ele, essa parceria só fortalece o papel da pediatria e do Programa Nacional de Imunizações, que vem sentindo dificuldades na cobertura vacinal. “Todo esforço é válido quando as instituições, sejam elas públicas ou privadas, ONG’s e científicas, se unem nessas questões sinérgicas a fim de melhorar os resultados”, destaca.
RISCOS – Para a dra. Francisca Maria Andrade, especialista de saúde do UNICEF, a vacinação representa um dos maiores avanços da saúde pública e é uma das medidas sanitárias que tem o maior impacto na proteção dos seres humanos, especialmente das crianças. “Existem diversos estudos que demonstram a eficácia das vacinas e da efetividade em termos de custo-benefício. Por isso, precisamos estar atentos às dúvidas das famílias e dos profissionais de saúde para que a vacinação de rotina não seja comprometida”, enfatiza.
Segundo ressalta, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) precisam se adequar às necessidades da comunidade, estendendo o seu horário de funcionamento para que pais que trabalham consigam levar os filhos para vacinar após seu horário de expediente. “Estamos atuando junto aos gestores, por meio do Programa Selo Unicef, em busca de melhorias nas políticas públicas voltadas às crianças e adolescentes”, salienta.
A especialista do Unicef defende ainda a realização de campanhas permanentes de vacinação para evitar a queda na cobertura vacinal no Brasil. “É preciso lembrar, continuamente pelos meios de comunicação e pelas equipes de saúde para que as vacinas sejam aplicadas dentro das datas estabelecidas no cronograma do Ministério da Saúde. Esse trabalho - em níveis de governo federal, estaduais e municipais, bem como das sociedades médicas e de outras instituições - é fundamental para que o Brasil possa manter as coberturas vacinais elevadas e continuar dando bons exemplos para o resto do mundo”, acentua.
CAMPANHA – A campanha promovida pela SBP e o UNICEF visa especialmente os municípios do Semiárido brasileiro e da Amazônia, por meio do Selo UNICEF, mas beneficia também as capitais onde a entidade desenvolve um programa chamado Plataforma dos Centros Urbanos (PCU).
A divulgação usará como principal canal as redes sociais, com busca da segmentação para o público que se pretende alcançar. Além disso, também foram produzidos spots para serem veiculados em emissoras de rádio, na televisão e no Youtube. “Inicialmente estão sendo divulgados cards para as famílias e, posteriormente, serão divulgados os cards voltados para os gestores públicos”, conta dra. Cristina.
Ao longo dos anos, a SBP e o UNICEF vêm realizando parcerias pontuais para a realização de campanhas que visam garantir os direitos das crianças e adolescentes. Ao assumir a presidência da Sociedade, dra. Luciana Silva se reuniu com a representante do UNICEF no Brasil, sra. Florence Bauer, para firmar novas parcerias entre ambas as instituições. Segundo disse, “a SBP tem essa vocação de defender medidas para que público infantojuvenil seja saudável em todos os aspectos, aplicando o melhor das evidências científicas que assegure esse objetivo”, destaca.
Partindo desse princípio, a SBP e o UNICEF construíram ampla parceria a partir dessa campanha de incentivo a vacinação, objetivando também que sejam feitas parcerias com as Sociedades de Pediatria estaduais. “Temos recebido demandas das Sociedades de Pediatria do Ceará (Socep) e da Bahia (Sobape), e, dessa forma, vamos formando uma grande rede para fortalecer esse trabalho em conjunto”, finaliza dra. Cristina.
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