SBP passa a integrar Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) – Promoção da Saúde

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) foi incluída oficialmente como uma das entidades parceiras da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) – Promoção da Saúde, uma organização da sociedade civil que tem como objetivo atuar em prol de políticas públicas de combate ao fumo. Desde 2014, a ACT começou a trabalhar também pela prevenção dos outros fatores de risco para as chamadas “Doenças Crônicas Não Transmissíveis”, com ênfase na promoção de alimentação saudável, atividades físicas e controle do álcool.

De acordo com a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, a parceria firmada entre as entidades reforça o compromisso da atual gestão de enfrentar o consumo de drogas lícitas por crianças e adolescentes. “O contato precoce com o cigarro e a bebida alcoólica é um problema grave, que exige ações articuladas – entre as esferas pública e privada – para obter resultados mais efetivos. A SBP está atenta a esse cenário e empenhada para que sejam implementadas todas as medidas necessárias à proteção integral da infância e adolescência”, disse.

AVANÇOS – Em setembro, o Brasil foi premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em reconhecimento pelas ações do País no combate ao tabaco e às mortes no trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil atingiu no ano passado a marca de 9,3% fumantes do total de sua população. Em 2006, antes da Lei Antifumo – que proibiu o uso de produtos fumígenos em recinto coletivo fechado –, o País contava com um índice de 15,6%. Há 30 anos, 35% da população se declarava fumante.

Para o especialista em álcool, tabaco e outras drogas da SBP, dr. João Paulo Becker Lotufo, apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, é fundamental trabalhar de forma contínua, sobretudo em iniciativas de prevenção e orientação destinadas aos jovens, para impedir retrocessos. Conforme ressaltou, uma ameaça emergente é a possibilidade de liberação da fabricação e comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil. O tema está sendo debatido em audiências públicas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

SEM CONSENSO - “Esses dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) são apresentados pela indústria como uma opção para redução de danos. No entanto, não existe nenhum consenso científico nesse sentido. Pelo contrário, nos Estados Unidos, uma epidemia de dependentes – mais grave entre a população jovem e universitária – foi deflagrada, recentemente, o que já levou vários estados americanos a suspenderem a comercialização desse produto”, alertou.

Além disso, de acordo com o dr. Lotufo, ainda há a questão do abuso do álcool – praticamente naturalizado em nossa sociedade – e do crescente avanço do consumo de maconha no País. “Os pediatras devem estar capacitados sobre esses temas e investir alguns minutos da consulta para aconselharem seus pacientes. A credibilidade da ciência, materializada pelos profissionais de medicina, deve ser utilizada de forma a alertar as famílias sobre as terríveis consequências relacionadas ao uso de drogas, mesmo daquelas socialmente aceitas”, pontuou.