A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgará nas próximas semanas um manifesto de enfrentamento à violência e aos maus tratos contra crianças e adolescentes. O documento apresentará de forma unificada o resultado das discussões ocorridas durante o 1º Fórum SBP sobre Violência na Infância e na Adolescência, que teve como objetivo debater estratégias para a prevenção de situações de vulnerabilidade física, social e emocional entre a população infantojuvenil.
Segundo o presidente do Fórum, dr. Mário Hirschheimer, o intuito do manifesto é chamar a atenção e estimular o engajamento da sociedade em geral para o problema. “O evento foi bastante exitoso, pois abriu espaço para a discussão em conjunto entre diferentes áreas, como saúde, educação, assistência social e direito. A intenção é contribuir para que novas ações e políticas públicas sejam implementadas de forma intersetorial”, afirma. Os participantes interessados em contribuir com a elaboração do documento, podem enviar suas sugestões até o fim da semana para o e-mail [email protected].
Para a dra. Patrícia Regina, do Departamento Científico de Adolescência da SBP e uma das coordenadoras do evento, o Fórum foi pioneiro ao possibilitar que visões múltiplas fossem agregadas. “Foi um grande feito da atual diretoria da SBP permitir essa abertura para colocar em evidência um tema que representa a principal causa de morte entre os jovens no País. Pudemos assistir a juristas, psicólogos, pedagogos, membros do Conselho Tutelar e outros profissionais que atuam diretamente na assistência a crianças e adolescentes, em Belo Horizonte”, salienta.
PALESTRAS - Na programação científica, uma das palestras mais repercutidas foi a proferida pela secretária municipal de Educação, Ângela Dalben, sobre o tema “O adolescente e a escola: evasão e pertencimento”, em que foram apresentados métodos para garantir a presença dos alunos em risco de vulnerabilidade dentro das salas de aula. De acordo com a especialista, a escola deve funcionar como um espaço central na rede de proteção de crianças e adolescentes, visto que muitas vezes a violência ocorre dentro da própria família e o ambiente social ao redor representa uma influência a condutas ilícitas.
“Um dos pontos cruciais para evitar a evasão é estabelecer um vínculo de acolhimento junto ao estudante, com foco na qualidade social da educação. Na prática, um dos caminhos é implementar de forma mais enfática a escuta, numa tentativa de tentar entender o contexto social daquele indivíduo e levar em conta a sua trajetória pessoal na hora de elaborar a proposta curricular. A grande missão não é formar apenas um estudante com aptidões técnicas, mas cuidar da forma como se estabelece a relação desse aluno enquanto cidadão frente à família e à cidade”, pondera.
PAINEL CULTURAL – O evento contou ainda com a intervenção artística de jovens da região. Uma das apresentações mais comentadas foi a do poeta Fellipe Beluca, que interpretou para a plateia duas poesias de sua autoria: “Otimismo contrário” e “Retrato” . De acordo com o artista, as obras refletem de forma transfigurativa situações sociais de conflito vivenciadas por muitos jovens.
“Além de ser uma denúncia, a poesia serve como um instrumento de transformação. É um meio de expressar vivências pessoais, mas que ao mesmo tempo incentiva aqueles que passam pela mesma circunstância a buscar forças para sair do contexto de violência e encontrar novas perspectivas para a vida”, diz ele.
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