Os resultados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) motivaram a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a promover um amplo debate entre especialistas no último dia 20 de setembro. O levantamento ainda não foi integralmente divulgado, porém, os pesquisadores trouxeram relevantes informações que podem fundamentar políticas de saúde relacionadas à amamentação. Durante a live, os pesquisadores adiantaram exclusivamente à SBP que as duas medianas em relação ao aleitamento exclusivo e geral aumentaram.
Os convidados para a conversa foram os pesquisadores Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ e coordenador geral do ENANI 2019; e Elisa Lacerda, professora associada do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ e uma das coordenadoras do eixo de Aleitamento Materno e Consumo Alimentar do ENANI 2019.
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“O relatório completo será lançado em outubro. É um estudo muito grande e complexo e é essencial falarmos sobre essa visão estratégica de termos evidências científicas sólidas que ajudem a reformular e repensar a polícia nacional de alimentação e nutrição”, analisou Gilberto Kac.
O encontro, aberto a toda população, foi transmitido pelo Facebook e YouTube da entidade e também no canal exclusivo aos associados. E contou com a moderação dos drs. Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, e Moises Chencinski, membro do DCAM-SBP.
O ENANI 2019 tem três grandes eixos: aleitamento materno e consumo alimentar; avaliação do estado nutricional a partir da antropometria; e estimativa de carências de micronutrientes a partir da coleta de sangue. Foram pesquisados 12.524 domicílios particulares, espalhados por 123 municípios, e analisadas 14.558 crianças de até 59 meses. A pesquisa contou com 323 entrevistadores.
“Essa amostra é representativa da população nacional com menos de cinco anos, cerca de 15 milhões de crianças brasileiras. Temos a preocupação de construir esse conceito de ciência aberta, para que no futuro esses dados estejam disponíveis para quem quiser analisá-los, sendo úteis a outros pesquisadores que queiram fazer estudos sobre esse tema”, afirmou Kac.
No levantamento, foram analisados 14 indicadores em relação ao aleitamento materno, recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Nesse atual relatório teremos alguns indicadores inéditos, como: aleitamento cruzado e dados de doação e recepção de leite humano”, adiantou Elisa. Porém, nos gráficos apresentados os pesquisadores consideraram quatro variantes em relação às macrorregiões do País: aleitamento materno na primeira hora de vida; exclusivo em menores de seis meses; continuado aos 12 meses; e continuado aos 24 meses
“Quando olhamos o indicador importante sobre o aleitamento exclusivo até os seis meses, percebemos que a performance do Brasil (45,8%) está bem abaixo da meta estabelecida para 2030 (70%). É possível alcançar, mas há muito trabalho a ser feito. Estamos nos comunicando com um grupo de especialistas para entendermos como fazer esses números aumentarem”, afirmou Kac.
MELHORIA – Apesar do cenário ainda longe do ideal, o Brasil apresentou nos últimos anos uma elevação em todos os índices relacionados ao aleitamento materno. Os pesquisadores destacaram alguns fatores que contribuíram para essa mudança, como a instituição da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL); o Programa Empresa Cidadã; a Rede Amamenta Brasil; a Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação Complementar Saudável (Enpacs); a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EEAB); e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (Pnaisc).
“Do ponto de vista nacional e das diferenças regionais, precisamos fazer muito mais. As principais recomendações são: licença maternidade de seis meses para todas as mulheres; ampliar a EEAB com foco no aconselhamento e manejo clínico da amamentação; ampliar a implementação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança e Bancos de Leite Humano; e fortalecer o NBCAL”, citou Kac, que informou que todos os relatórios do ENANI serão publicados até março de 2022.
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