Na última sexta-feira (18), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou a nota de alerta “Profilaxia da bronquiolite, pneumonia e complicações causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em crianças que nasceram prematuras ou portadoras de cardiopatias e pneumopatias”. Considerando o contexto da pandemia de covid-19 e das consequentes incertezas do padrão epidemiológico dos vírus respiratórios, esse documento tem como público-alvo os pediatras, cuja atuação se torna ainda mais importante no estímulo à prevenção das infecções pelo VSR e as demais já incluídas no calendário infantil.

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Segundo a nota, o VSR é o principal agente etiológico de infecções do sistema respiratório em crianças menores de dois anos de idade, responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante o período de sazonalidade. Porém, os lactentes com menos de seis meses de idade, principalmente os pré-termos com doença pulmonar crônica e cardiopatas, compõem a população de maior risco para evolução de infecção respiratória aguda grave, em 10% a 15% dos casos.

Os especialistas ressaltam, ainda, que a ocorrência de infecção do sistema respiratório inferior nos primeiros meses de vida pós-natal eleva em 25% a 80% o risco de sibilância recorrente, hiperreatividade brônquica e diagnóstico de asma, verificado em estudos observacionais prospectivos.

PROFILAXIA – A profilaxia para a infecção do VSR inclui medidas gerais, tanto em ambiente domiciliar quanto hospitalar, principalmente quando crianças de alto risco estão expostas. De acordo com o documento, os familiares precisam ser orientados sobre a importância da profilaxia da transmissão da infecção, e algumas ações indicadas são: lavagem frequente das mãos com água e sabão, quando apresentarem sujidades (secreções); higienização das mãos com uso de álcool gel; evitar ambientes fechados e aglomerados de pessoas; e evitar contato com pessoas com quadros respiratórios.

Além disso, as crianças não devem ser expostas ao tabaco; e o aleitamento materno deve ser mantido exclusivamente até seis meses de idade (nos pré-termos com seis meses de idade corrigida) e até os dois anos, complementado com outros alimentos conforme normas recomendadas.

O texto salienta que ainda não foram desenvolvidas vacinas contra o VSR. Entretanto, a imunização passiva é uma importante estratégia de prevenção das formas graves da doença respiratória e suas complicações, e está disponível com comprovada segurança, eficácia e impacto para os pacientes.

O palivizumabe, segundo a nota, apresenta atividade neutralizante e inibitória resultante da fusão do VSR no epitélio respiratório da criança, impedindo sua replicação e invasão de outras células. Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2013, ele foi incorporado, após pleito da SBP, pela Agência Nacional de Saúde (ANS) no seu Rol de Procedimentos, tornando sua cobertura na saúde suplementar obrigatória a partir de 2018.

A nota enfatiza, porém, que a SBP recomenda a ampliação dos critérios normatizados pelo Ministério da Saúde, incluindo a profilaxia com palivizumabe de crianças que nasceram com idade gestacional entre 29 e 31 semanas e seis dias de idade gestacional, nos seus primeiros seis meses de vida se durante a sazonalidade.

Essas diretrizes estão fundamentadas e desenvolvidas no documento da SBP “Diretrizes para o manejo da infecção causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR)”, de 2017. Além disso, a entidade ressalta que existem estudos que apresentam evidências de que esse grupo de crianças é vulnerável para o desenvolvimento de formas graves da infecção com benefício na profilaxia da infecção.                                                                                            

O documento foi elaborado pelos especialistas: dr. Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP; dra. Maria Albertina Santiago Rego, presidente do Departamento Científico de Neonatologia da SBP; e dra. Lilian Sadeck, diretora de Cursos, Eventos e Promoções da SBP.