SBP reforça importância da consulta pediátrica pré-natal

Com o objetivo de informar e fornecer ao pediatra subsídios que lhe permita realizar a consulta pediátrica pré-natal, o Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta quarta-feira (8) um manual de orientação sobre o tema. Apesar da consulta pediátrica pré-natal estar embasada em evidências na literatura, esta consulta ainda não é uma realidade na rotina da maioria dos especialistas.

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A inserção do pediatra no terceiro trimestre do pré-natal representa uma oportunidade de antecipação de riscos e um dos pilares da tríade para redução da morbimortalidade neonatal, juntamente com a assistência ao recém-nascido (RN) em sala de parto e a consulta pós-natal dentro da primeira semana de vida.

De acordo com o documento, alguns motivos podem ser apontados para a baixa realização dessa intervenção: o desconhecimento da população sobre essa consulta, o que dificulta a busca espontânea; a falta de encaminhamento das gestantes pelos obstetras; e a não inclusão nas rotinas do Sistema Único de Saúde (SUS) e na tabela de honorários da maioria dos planos de saúde. Outro entrave pode estar relacionado à habilidade do pediatra para a realização desta consulta em sua rotina, uma vez que as informações práticas a esse respeito ainda são escassas.

“O período dos primeiros mil dias de vida (desde a concepção até os dois anos de idade) é decisivo para a definição da saúde da criança e do futuro adulto. É nesse período que a morbimortalidade infantil pode ser reduzida por intervenções adequadas do sistema de saúde, da família, do obstetra e do pediatra por ações básicas como acesso a um pré-natal estruturado, nutrição adequada na gestação, suplementação de ferro e de ácido fólico, realização de exames, assistência médica para o parto, pediatra em sala de parto e acompanhamento de puericultura desde a primeira semana de vida pós-natal”, destaca o manual.

AGENDAMENTO – O acolhimento deve começar no momento de agendar a consulta. É preciso reservar uma hora para a consulta, podendo ser necessário um tempo maior, de acordo com as demandas de cada família. O ambiente da consulta deve ser confortável para a gestante e o pediatra deverá utilizar linguagem clara e acessível para a melhor compreensão da família.

Durante esta intervenção eminentemente preventiva, devem ser abordados vários aspectos da gestação, parto, nascimento e acompanhamento da saúde da criança, tais como a intercorrência no pré-natal; a prevenção de doenças infecciosas; vias de parto; assistência pediátrica em sala de parto; aleitamento materno; testes de triagem neonatal; impacto do nascimento da criança para a família; aspectos gerais sobre os cuidados com o RN; segurança da criança; e a abertura de espaço livre para a família expor outras demandas.

INDICAÇÕES – Segundo o manual, a consulta deve ser realizada rotineiramente para todas as gestantes, não se restringindo à classificação de gestação de alto risco. O documento da SBP ressalta ainda que o pediatra necessita munir-se de alguns conhecimentos para realizar essa consulta, dentre os quais: cálculo da data provável do parto; noções de nutrição para a gestante e a nutriz; conceitos de epigenética; dismorfogênese; entre outros.

Também foi disponibilizado no documento um roteiro para a realização da consulta englobando a identificação dos pais, anamnese e exame físico. “Para que esta consulta se torne uma realidade na rotina pediátrica, vários desafios precisam ser vencidos, tais como a conscientização dos obstetras para o encaminhamento das gestantes, a implantação de rotina no pré-natal do SUS e em todos os planos de saúde e a divulgação dessa ferramenta entre a população”, ressaltam os especialistas do Departamento Ambulatorial da SBP.