O Departamento Científico de Oncologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) preparou dois artigos sobre o câncer infantojuvenil como sua contribuição para as reflexões geradas pelo Setembro Dourado, mês dedicado ao debate sobre as medidas para assegurar melhor prevenção, diagnóstico e tratamento para a doença, responsável por 1 a 3% de todos os casos diagnosticados em crianças e adolescentes. Além disso, o grupo oferece uma análise isenta sobre o quadro atual existente na rede pública para o enfrentamento desse problema e também sobre a relevância do papel do pediatra nesse esforço.
Neste sentido a presidente do DC, dra Denise Bousfield (foto acima), faz um alerta aos profissionais: “Um alto nível de suspeição da doença deve estar presente no raciocínio do pediatra, o que permitirá atenção especial a determinados sinais e sintomas de alerta, promovendo desta maneira um reconhecimento mais rápido da doença”. Segundo ela, isso é importante, pois há “inespecificidade dos sinais e sintomas presentes no câncer infantojuvenil”, os quais podem estar associados e/ou serem confundidos com os de outras doenças comuns na infância.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), neste ano está prevista a ocorrência de 12.600 novos casos desse transtorno na população na faixa etária de zero a 19 anos. Embora seja raro, o câncer infantojuvenil representa a principal causa de óbito por doença nesse grupo. Preocupada com o tema, a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Silva, convoca todos os pediatras a apoiarem a campanha Setembro Dourado, representando mundialmente pelo símbolo do laço dourado.
Acesse nos links a seguir, os artigos:
SETEMBRO É DOURADO: A SBP É PARCEIRA NESSA CAUSA
DIAGNÓSTICO PRECOCE: SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA PARA O CÂNCER NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
PAPEL DO PEDIATRA – No Brasil, nos últimos anos, a participação em protocolos cooperativos de tratamento, coordenados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) contribuiu significativamente para a melhora na sobrevida das crianças com câncer. Dados de um estudo sobre o panorama do câncer infantojuvenil divulgado pelo INCA e pelo Ministério da Saúde apontam que a sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária de zero a 19 anos é de 64%, índice calculado com base nas informações de incidência e mortalidade.
Para a dra. Denise, o pediatra tem papel essencial na suspeita diagnóstica do câncer. Entretanto, para alcançar o sucesso no tratamento, é fundamental que os pais e cuidadores realizem consultas pediátricas regulares com seus filhos, visando o diagnóstico precoce da doença e sejam encaminhados para os centros oncológicos pediátricos de referência.
AVANÇOS – Contudo, como muitas vezes o diagnóstico é firmado com a doença já está em estado adiantado, é preciso ajustar as políticas públicas de acesso à rede de tratamento. Segundo dra Denise Bousfield, houve avanços significativos com a publicação da Portaria nº 14 do Ministério da Saúde, publicada em 27 de fevereiro de 2014, que normatiza a Atenção Oncológica Pediátrica. Em 10 fevereiro deste ano, a pasta publicou o primeiro Protocolo de Diagnóstico Precoce do Câncer Pediátrico.
ACESSE A PORTARIA Nº 14, DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
No entanto, ressalta a presidente do DC, “é necessário que todos os estados da Federação tenham assistência organizada em níveis de hierarquia, com estabelecimento de fluxos de referência e contrarreferência, garantindo assim o acesso e o atendimento integral a todas as crianças e adolescentes”, comenta.
Segundo a dra Denise Bousfield, esses cuidados precisam contemplar desde os níveis da atenção básica à atenção especializada de média e alta complexidade de atendimento para que ocorram ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. “Outro aspecto que relevante a ser apontado é que a nossa informação gerencial epidemiológica é insuficiente em quantidade, dificultando a adequada avaliação do impacto do câncer em nossa população”, observa.
SENSIBILIZAÇÃO - De acordo com ela, é importante sensibilizar gestores públicos para adoção de políticas públicas que contribuam com a detecção precoce da doença. “Nesse contexto, outra ação importante seria a inserção do ensino da oncologia pediátrica nas faculdades de medicina, bem como no ensino dos outros profissionais da área da saúde, considerando que no Brasil e no mundo, o câncer infantojuvenil representa um problema de saúde pública pelo elevado índice de mortalidade, caso a doença não seja diagnosticada precocemente”, frisa.
Dra. Denise diz que na maioria das regiões do Brasil há centros de referência no tratamento do câncer infantojuvenil suficientes para o atendimento da demanda, exceto na região Norte, em que há duas unidades habilitadas: uma em Belém (PA) e outra em Manaus (AM). Contudo, para a médica, algumas unidades de atendimento no País necessitam realizar algumas adequações para atender à Portaria do Ministério da Saúde e serem habilitadas.
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