Com mais de 2.200 inscritos e cerca de 600 professores, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) realizou, de 12 a 15 de março, na capital, o seu 14º Congresso. Ao todo, foram 117 atividades, dentre cursos, conferências, colóquios, mesas- redondas, painéis, além do lançamento de seis livros. Satisfeito com o retorno que obteve dos participantes, Mário Roberto Hirschheimer, presidente da entidade, informou que o evento foi organizado em cinco salas onde simultaneamente foram discutidos os mais relevantes temas da especialidade e das áreas de atuação. Dentre os conferencistas, estava Craig B. Langman, professor da Northwestern University, dos Estados Unidos, que abordou a Síndrome hemolítico-urêmica na infância. De acordo com o dr. Mário, o evento foi filmado e daqui a cerca de um mês será disponibilizado gratuitamente aos congressistas.
Na abertura, o presidente da SBP, Eduardo da Silva Vaz, aproveitou para agradecer a todos pelo apoio e pela confiança recebida em seu mandato na presidência da entidade, que vai até maio, fazendo uma prestação de contas do trabalho. Começou citando a atual autonomia financeira da Sociedade, que significa independência institucional frente à indústria de alimentos e farmacêutica; lembrou a importância do novo currículo internacional da pediatria proposto pelo Global Pediatric Education Consortium e em implantação em 22 serviços de residência no Brasil; salientou a criação do Fundo para apoiar o intercâmbio entre residentes e preceptores dos novos Programas, bem como o convênio assinado com a USP; se referiu à criação das áreas de atuação, entre as quais a Emergência Pediátrica e a Alergia e Imunologia Pediátrica; assinalou o amplo trabalho de educação continuada que atualmente inclui os Congressos Virtuais; frisou a grande conquista que significa a inclusão da Consulta de Puericultura com valor diferenciado no Rol da ANS e que precisa agora de sua plena implantação, lembrando também que está no Rol o Teste do Reflexo Vermelho.
Dr. Eduardo enfatizou ainda a defesa intransigente dos direitos da criança e do adolescente, representada tanto na Lei 11.770/08, que amplia a licença-maternidade para seis meses, como em todo o trabalho de promoção da amamentação e na atual “Receite um Livro”, dentre tantas importantes campanhas. Despedindo-se, conclamou os colegas a participarem deste momento histórico, defendendo um País melhor, mais justo, sem corrupção e mentiras.
Temas em debate
O 14º Congresso abordou temas como Cuidados Paliativos – “que não incluem somente a criança, mas também sua família”, como ressaltou Silvia Maria Barbosa, presidente do Departamento Científico (DC) da área – e o uso de repelentes na infância, “imprescindível no cenário atual, porém, com a necessária especial atenção quanto à aplicação em crianças”, frisou Silvia Assumpção Soutto Mayor, à frente do DC de Dermatologia da filiada. “É preciso ter cuidado com o tipo de produto, o modo, a frequência de utilização e considerar sempre a segurança e a eficácia”, completou.
Na palestra “Usuária de drogas e amamentação”, Marisa Aprile, presidente do Departamento de Aleitamento Materno, abordou as lícitas, como álcool, cigarro e medicamentos, e as ilícitas, como fatores de desmame e com a necessária intervenção de equipe multiprofissional. Citou dados que apontam que em todas as capitais brasileiras aproximadamente um milhão de pessoas utilizam algum tipo de droga, sendo que 370 mil consomem crack. O acesso ao tratamento contra a dependência é menor para a mulher – somente um em cada cinco dependentes em reabilitação é do sexo feminino. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz de 2013 apontou que as mulheres fazem uso mais intensivo das drogas. Diariamente, consomem 21 pedras de crack, enquanto os homens apenas 13. Das entrevistadas, 10% relataram estar grávidas e mais de 50% revelaram ter engravidado pelo menos uma vez depois de sua dependência. “Esses dados confirmam o fato de que as usuárias estão em todos os níveis sociais. Nascem filhos de mulheres sob essa situação em todos os hospitais, tanto no SUS como no sistema privado. Muitas omitem sua dependência. Então como diagnosticar, como conduzir, o que esperar? Esse deve ser o nosso ponto de partida”, reflete a dra. Marisa.
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