Pouco mais de 440 pediatras são responsáveis pelo atendimento da população de zero a 19 anos no estado do Pará. Esse número corresponde aos profissionais cadastrados no Conselho Regional de Medicina (CRM) como especialistas, já que uma pesquisa do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) indica que existem 537 pediatras.
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Segundo a presidente da Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape), dra. Vilma Hutim, o número de especialistas ainda é insuficiente e seriam necessários pelo menos 1.300 pediatras para atender ao número recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 17 pediatras para cada 100 mil habitantes. O Pará possui, atualmente, 8 milhões e 480 mil habitantes.
O levantamento foi apresentado na última reunião entre a diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e presidentes de filiadas, realizada em Belém (PA). O estudo foi baseado em informações fornecidas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DataSUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretaria de Saúde Pública do Pará (SESPA).
A Sopape tem atuado intensamente para garantir condições mais adequadas nos serviços de assistência pediátrica do Estado do Pará. Para aprimorar as ações empreendidas com esse objetivo, a entidade realizou um mapeamento detalhado sobre a distribuição dos pediatras em cada um dos 12 centros regionais de saúde do Estado.
“Hoje, devido à realidade local, muitas crianças são atendidas apenas por clínicos gerais. Isso representa um enorme equívoco, com consequências que podem ser observadas em curto, médio e longo prazos. O pediatra é o único profissional devidamente habilitado a exercer essa função”, enfatizou.
MÁ DISTRIBUIÇÃO – Outra questão apresentada pela dra. Vilma foi a má distribuição dos profissionais pela região. Apesar de 80% dos especialistas atuarem na rede pública de saúde, grande parte deles está concentrada na região metropolitana de Belém. As demais 11 regionais de saúde contam apenas com 93 pediatras fixos e outros 82 que atuam de forma itinerante pelos munícipios do interior.
Apesar da desproporcionalidade de número e distribuição, em 2018 com a formação de residentes, houve um aumento de 75 para 93 pediatras que passaram a morar nas outras regionais de saúde, fora de Belém, e o número de pediatras itinerantes passou de 45 para 82 devido à inauguração de dois hospitais materno infantil fora de Belém, a exemplo de Barcarena, a 150 km da capital, cuja equipe da maternidade e unidade neonatal foi montada com profissionais da capital em regime de plantão. Entre o fim de 2017 e 2018, foram criados em média 50 novos leitos neonatais em todo Estado.
O problema, segundo ela, tem repercussões ainda mais graves, pois, devido à dimensão geográfica do Estado, existem cidades a mais de 1.300 km de distância da capital, como Santarém, no Oeste do Pará.
“A implementação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, os hospitais de referência e as regionais dos 11 centros regionais fora de Belém têm pediatras. Porém 50% de outros hospitais, com até 1000 nascimentos, ainda não tem pediatras na sala de parto. Ao mesmo tempo, há diversas cidades onde não existem pediatras, a exemplo da Ilha de Marajó, onde as crianças são atendidas pelos médicos generalistas. Fora da região metropolitana de Belém, a maioria das unidades de saúde não têm pediatras. Nossa insuficiência ainda e numérica para atender a demanda do Estado”, observa dra. Vilma.
De acordo com a presidente da Sopape, a entidade prosseguirá com a realização dessa análise sobre a oferta de especialistas no intuito de identificar quantos pediatras estão alocados em cada estabelecimento de saúde nas redes de assistência pública e privada. “A melhora dos indicadores sociais e epidemiológicos deve passar por mais investimentos em recursos humanos. Sem número suficiente de pediatras a assistência permanece inevitavelmente comprometida”, concluiu.
CAPACITAÇÕES - Para minimizar esse nível de atenção, a Sopape, em parceria com as Secretarias Estadual e Municipais de Saúde, tem realizado capacitações para equipes das unidades Básicas através da estratégia AIDPI Neonatal, realizado durante a gestão de 2016 a 2018 em 10 centros regionais de saúde, faltando alcançar o 12º centro regional de Conceição do Araguaia, no sul do Pará, próximo da divisa com o Estado do Tocantins.
Dra. Vilma disse que, além dessas ações para melhorias na Atenção Básica, a Sopape tem tentado dar continuidade na formação de instrutores para todos os centros regionais com foco em instrutores no Programa de Reanimação Neonatal, já consolidado nos centros regionais de Santarém, no 9º centro Regional; Marabá, 11º centro regional; Castanhal, no 3º centro regional; Altamira, no 10º centro regional; Bragança, na regional do Caetés a 230 km de Belém; Redenção, no Sul do Pará no 12º segundo centro regional de saúde a 1000 km de Belém; Barcarena, 6º centro regional de saúde a 150 km de Belém; e Tucuruí lago, 11º regional de saúde.
“Com apoio da SBP, nesses dois últimos anos realizamos cursos de nutrologia pediátrica para Santarém no Oeste do Para e em Altamira. Realizamos a I Jornada de Pediatria Ambulatorial, também em Santarém. Além do desafio para atualizações dos pediatras, estamos discutindo situações de formação de equipe de trabalho em alguns hospitais dos municípios, além de acompanhamento na formação de residentes nos programas fora da região metropolitana”, enumerou dra. Vilma.
Para ela, os desafios continuarão para 2019 “quando estaremos discutiremos com novos gestores estaduais sobre o prosseguimento das ações da Sopape”, finalizou.
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