“A avaliação seriada (R1, R2, R3) realizada durante os três anos da residência em pediatria nos serviços, sob o novo modelo de formação, permite preparar os futuros profissionais para o atendimento integral da criança e do adolescente”. A declaração é do dr. Eduardo Jorge da Fonseca Lima, coordenador de pós-graduação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e presidente da Sociedade Pernambucana de Pediatria (Sopepe).
Em entrevista ao SBP Notícias, dr. Eduardo Jorge ressalta que poucos serviços foram avaliados neste formato. Ele acredita, no entanto, que a partir de 2019 – quando todos os programas de residência passam a adotar o novo formato –, será possível comparar, com mais segurança, o nível de conhecimento dos candidatos ao Título de Especialista em Pediatria (TEP) Seriado com os que fazem o TEP tradicional.
O especialista também critica o aumento no número das escolas médicas no País e a falta de treinamento adequado durante a graduação, o que, segundo ele, trará consequências na formação dos novos médicos. Confira a entrevista na íntegra:
SBP Notícias – O senhor acredita que essa nova forma de avaliar os candidatos por ciclo (R1, R2 e R3) irá melhorar a qualidade dos novos profissionais da pediatria? De que forma?
Eduardo Jorge – A residência médica tem como característica fundamental apresentar um caráter formativo de avaliação, permitindo que o residente, ao longo da sua trajetória de treinamento, possa reforçar os pontos que precisam ser melhor sedimentados. A avaliação seriada, com programa e competências muito bem definidos, permite esse monitoramento do aprendizado, tanto pelo residente como pelos serviços.
SBPN – Como está o nível de conhecimento e domínio dos conteúdos relacionados à pediatria dos candidatos ao TEP Seriado?
EJ – O domínio dos conteúdos avaliados pelas edições do TEP seriado nos permitem afirmar que os serviços que aderiram aos programas de 3 anos estão conseguindo formar residentes preparados para o atendimento integral à criança e ao adolescente. Entretanto, como poucos serviços foram avaliados neste formato, podem ter levado a viés de interpretação. Acreditamos que, quando a maioria dos programas do país tiverem a duração de três anos, poderemos comparar com mais segurança os resultados do TEP seriado com TEP tradicional. Este ano, os primeiros cinco programas que aderiram ao novo formato realizaram a terceira avaliação do TEP seriado e responderam ao questionário sobre como avaliam a experiência de terem sido formados neste novo modelo. O resultado desta avaliação permitirá uma melhor análise da questão.
SBPN – Como o doutor vê a ampliação da residência de três anos? O senhor acredita que os pediatras que se formam nesse novo modelo (em 03 anos) estão mais bem preparados do que os profissionais que se formaram no modelo tradicional (2 anos)? Por quê?
EJ – O Brasil é um dos poucos países do mundo onde a duração do treinamento do residente de Pediatria é de apenas de dois anos. A necessidade de novas competências para um atendimento integral a criança e o adolescente faz com que a ampliação do programa para três anos seja fundamental para a abordagem de temas como: epigenética, saúde mental (incluindo ao TEA, TDAH, Bullying, mídias sociais e jogos eletrônicos, etc.), o novo perfil epidemiológico e o adequado manuseio dos pacientes com doenças crônicas, entre outros.
SBPN – Sobre a qualidade do ensino médico no Brasil, o que mudou em relação ao passado? O que precisa melhorar?
EJ – Nos últimos anos, houve um aumento absurdo no número das escolas médicas no País e várias dessas novas escolas não dispõem de hospitais de ensino adequados para treinamento durante a graduação, especialmente no internato. Isto acarreta consequências na formação no médico residente, que inicia seus programas com este déficit de treinamento. Em relação especificamente a pediatria, é preciso uma reflexão da carga horária destinada a nossa especialidade e como o treinamento prático está ocorrendo.
SBPN – Quais dicas o senhor dá para os residentes que pretendem fazer o TEP seriado?
EJ – É importante que os residentes percebam que a avaliação é parte integrante do processo de aprendizagem, sendo o TEP seriado uma forma de monitoramento do caminho percorrido e quais metas eles precisarão melhorar.
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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