O Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou na última semana nota de alerta para orientar os pediatras a respeito da indicação de traqueostomia em crianças e adolescentes, durante a pandemia de COVID-19. A publicação destaca que os possíveis benefícios, assim como o risco de contaminação decorrente do procedimento, devem ser discutidos entre as equipes envolvidas no atendimento.
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De acordo com o texto, nos casos de urgência ou emergência em que há necessidade de traqueostomia, a intubação orotraqueal e ventilação mecânica devem acontecer preferencialmente em ambiente cirúrgico. “O procedimento precisa ocorrer por meio de acesso endovenoso prévio, que permita a indução anestésica em sequência rápida, sem necessidade de ventilação com pressão positiva anterior à intubação. Se necessária, a ventilação com pressão positiva (máscara facial) deve ser realizada a quatro mãos, com uma pessoa segurando firmemente a máscara na face da criança (para não haver escape de ar) e a outra ventilando o paciente”, reforça o documento.
O texto pontua que, no caso de pacientes que apresentem intubação difícil, pode ser usada temporariamente uma máscara laríngea e, se disponível, intubação guiada por fibrobroncoscopia. Já a utilização da traqueostomia de forma eletiva deve ser evitada. Há indicação apenas para a criança com intubação prolongada – de 14 a 21 dias – sem perspectivas de saída da ventilação mecânica. Nesses casos, a prática pode ser discutida com a equipe assistente.
AEROSSÓIS – A nota de alerta salienta ainda que a traqueostomia é um método considerado gerador de aerossóis, elevando assim o risco de transmissão do novo coronavírus à equipe de assistência e o risco ao ambiente hospitalar. Diferentemente das gotículas de saliva, que por seu peso e efeito da gravidade têm um campo de transmissão limitado, os aerossóis podem percorrer maiores distâncias e permanecer em suspensão numa localidade por tempo prolongado.
Conforme afirma o documento, durante a realização do procedimento, toda a equipe deve usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) completos, o que inclui: máscara N95, óculos, gorros descartáveis, aventais impermeáveis e luvas estéreis. Sempre que possível o sistema de ventilação da sala deve ser fechado e estabilizado em pressão negativa ou, não sendo possível, com pressão normal.
“O menor número possível de profissionais deve permanecer no ambiente, além disso, é expressamente recomendada a desinfecção terminal da sala e seu isolamento por uma hora após o término de todo processo. Também é imperativo que, durante a vigência da pandemia, a frequência de trocas de cânulas de traqueostomia deva ser limitada, sendo necessário estar mais atendo aos perigos eminentes de obstrução”.
EXAME FÍSICO – Por fim, a nota sugere o uso de máscara sempre que ocorrer o exame de um paciente com traqueostomia, para proteger o profissional de saúde da eliminação de aerossóis pelo orifício aberto. Se possível, também é recomendável que o paciente fique isolado de outros pacientes e que as medidas de precaução à COVID-19 sejam adotadas por toda a equipe de assistência.
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