Unicef lança Busca Ativa Vacinal para reverter baixo índice de cobertura nas regiões Norte e Nordeste

A alta taxa de cobertura vacinal no Brasil, que sempre foi a principal característica do Programa Nacional de Imunização (PNI), vem caindo de forma preocupante na última década, afetando a imunização contra doenças como poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola. Diante desse panorama, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com a Pfizer e com apoio da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, lançam a Busca Ativa Vacinal (BAV), uma estratégia para encontrar crianças menores de 5 anos com atraso vacinal ou não vacinadas em 2 mil municípios das regiões Norte e Nordeste, que têm o Selo Unicef e apresentam os indicadores mais baixos de imunização infantil.

 “Com as taxas de vacinação geral abaixo de 60%, a estratégia de busca ativa vacinal é uma das possibilidades de enfrentamento desse problema. Trata-se de uma estratégia do UNICEF para apoiar os municípios na garantia da imunização infantil. Usa uma metodologia social, além de uma ferramenta tecnológica – que será disponibilizada gratuitamente para os municípios”, explica o dr. José Luiz Egydio Setúbal, presidente da Fundação que leva o seu nome e membro do Conselho Curador da Fundação Sociedade Brasileira de Pediatria (FSBP).

O BAV propõe que cada município trabalhe de forma intersetorial, reunindo representantes de diferentes áreas, por meio de plataforma digital e gratuita. Essa ferramenta serve de apoio para agentes locais na identificação, no registro e no monitoramento de crianças não imunizadas. Além disso, a estratégia conta com programas de capacitação online e gratuitos para agentes comunitários de saúde, visitadores domiciliares de outras áreas e todos os atores envolvidos na imunização infantil.

QUEDA - Paradoxalmente, a diminuição da cobertura vacinal está relacionada ao sucesso do PNI. Isso se justifica porque o PNI imunizou amplamente a população que hoje está com 30, 40 e 50 anos de idade. Essas pessoas foram devidamente vacinadas na infância, quando a preocupação em vacinar as crianças era maior. Já a geração atual, desconhece diversas doenças, extintas graças às vacinas disponibilizadas pelo PNI. Por isso, muitos pais, mães e responsáveis deixam de vacinar essas crianças. 

“As taxas de imunização vêm caindo desde 2015 e o problema disso é multifatorial, envolvendo problemas que vão desde logística, como entrega de vacinas para as Unidades Básicas de Saúde, treinamento de recursos humanos, horário de funcionamento, entre outros. Mas existem outros problemas como o de comunicação, de esclarecimento e de conscientização sobre vacinas. A solução deve envolver todas as camadas da sociedade e não só o governo. Por isso, devemos envolver as sociedades médicas, como a SBP e suas filiadas, a SBIm, entre outras, a academia, as organizações sociais e os próprios pediatras, professores e cuidadores das crianças, como os pais e avós. Esse é um desafio de toda a comunidade”, defende o dr. José Luiz Egydio Setúbal. 

*Com informações do Unicef

* Foto: UNICEF/BRZ/Hugo Coutinho