Violência sexual no mundo virtual é debatida pela SBP no 5° Encontro Internacional sobre o uso de tecnologias da informação por crianças e adolescentes

A presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luci Yara Pfeiffer, abordou o tema “Violência sexual no mundo virtual também é crime!”, durante o 5° Encontro Internacional sobre o uso de tecnologias da informação por crianças e adolescentes, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

A palestra, proferida na última quarta-feira (7), integrou a mesa-redonda sobre “Segurança” do último dia do evento, promovido pelo E.S.S.E Mundo Digital e pelo Centro de Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde (CEIIAS). A especialista da SBP enfatizou a necessidade de pais e responsáveis estarem atentos aos diferentes tipos de violência sexual que permeiam a internet.

“Há cinco bilhões de internautas no mundo, muitos deles agressores e pedófilos. Eles podem entrar em contato com crianças e adolescentes que navegam sem supervisão ou que têm seus dados expostos de forma inadvertida nas redes sociais. Uma tática desses agressores é se passar por outra pessoa para ganhar a confiança da vítima, que acaba sendo influenciada a praticar atos sexuais (como expor seu corpo ou trocar nudes). Essas imagens são usadas de várias maneiras perversas, inclusive indo para no mercado ilegal de pornografia infantil”, alertou a pediatra.

Segundo explicou a dra Luci, a partir dessa confiança a criança pode virar refém do agressor, que passa a praticar chantagens, conhecidas por “sextorsão”. Geralmente, quando caem nesse tipo de armadilha, crianças e adolescentes não conseguem buscar ajuda. Neste contexto, o pediatra pode auxiliar no diagnóstico desse tipo de violência, uma vez que o paciente costuma apresentar alguns sinais e sintomas, principalmente psíquicos, como alterações de comportamento.

“Vivemos uma verdadeira pandemia de uso descontrolado da internet. Milhões de crianças e adolescentes soltos na madrugada, com pouca ou sem supervisão nenhuma, em frente às telas. É preciso gastar um minuto da consulta para investigar os hábitos e, depois, orientar as famílias conforme as indicações da SBP sobre tempo de uso adequado por faixa etária. Caso contrário, é muito provável que esses pacientes terão alterações no sono, no rendimento escolar”, afirma. Aos pais, a recomendação é para que busquem ajuda de um pediatra, assim que os filhos adentram no mundo digital, para receber orientações sobre como promover um uso seguro da internet. "As mesmas regras que servem para a vida real, servem para o universo da tecnologia. Mesmo que os pais não entendam muito desse contexto virtual, indicar regras e orientar sobre a utilização ética é fundamental". 

Também participaram do último dia do evento, que contou com o apoio institucional da SBP, a dra. Beatriz Bermudez, falando sobre “Tecnologias Assistivas”; e a dra. Betinha Fernandes, por meio da videoconferência “Adolescentes com Variações de Gênero e Mídias". Ambas as especialistas compõem o Comitê Científico de Medicina do Adolescente da SBP.