Zika Vírus e parto humanizado foram destaques no primeiro dia do 23° Congresso de Perinatologia

Evento, que acontece até sábado (17/09), contou ainda com o lançamento de manual para pais de bebês prematuros e de campanha para combater a ingestão de álcool na gravidez Infecções congênitas, parto seguro e humanizado, além de outros aspectos técnicos que envolvem a especialidade foram destaques do primeiro dia do 23° Congresso Brasileiro de Perinatologia, …

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Evento, que acontece até sábado (17/09), contou ainda com o lançamento de manual para pais de bebês prematuros e de campanha para combater a ingestão de álcool na gravidez

Infecções congênitas, parto seguro e humanizado, além de outros aspectos técnicos que envolvem a especialidade foram destaques do primeiro dia do 23° Congresso Brasileiro de Perinatologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) através da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS). O evento, realizado na ExpoGramado, teve abertura oficial na noite de quarta-feira (14/09) e prosseguiu ao longo desta quinta-feira (15/09) com aulas nas mais variadas áreas da especialidade. Entre as atrações, houve ainda o lançamento de um manual para pais de bebês prematuros e da campanha “Gravidez Zero Álcool”, da SBP.

Após o grande surto de microcefalia em recém-nascidos entre outubro de 2015 e março de 2016, é possível afirmar, seis meses depois, que a incidência da doença sofreu forte queda no Brasil. A informação foi dada pela palestrante Jucille do Amaral Meneses.

- Já percebemos que o Zika Vírus não avançou nos últimos meses. Ele seguiu seu percurso, indo para a Colômbia, México e sul dos Estados Unidos. Porém, enquanto existir o mosquito transmissor da doença, ela pode voltar, talvez com uma tipologia diferente, assim como a Dengue – comenta Jacille.

A médica destaca ainda que entre os 1.845 casos de Zika Vírus investigados e confirmados no país, conforme o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 70% foram registrados em Pernambuco, estado mais afetado pela síndrome.

Dentro do mesmo painel, a pediatra Licia Moreira, explanou sobre o aumento da incidência da sífilis, percebida desde 2015, no Brasil.

- Um dos principais fatores é a falta da vacina de penicilina, principal tratamento da doença. Estamos utilizando outra droga, mas ainda não sabemos a sua real eficácia. Além disso, precisamos desenvolver ações de conscientização cultural para a prevenção e promover uma melhoria na qualidade do pré-natal, onde conseguimos tratar 95% das gestantes – explica Licia, destacando os problemas neurológicos que a Sífilis pode gerar nas crianças.

O parto humanizado também foi tema de um dos painéis realizados durante o dia. Defensora do nascimento hospitalar, assistido por profissionais e por oferecer condições de assistência ao bebê, Rejane Cavalcanti, falou sobre a visão da pediatria a respeito do tema.

- A assistência à gestante e ao bebê estava se tornando mecanizada e é hora de pararmos e pensarmos que o suporte tecnológico deve entrar apenas para dar respaldo para o processo. O profissional da saúde precisa ser “re-treinado” com este outro olhar, para saber acompanhar o momento do nascimento. Este resultado pode ser alcançado com uma boa ambientação, respeito à privacidade e pudor da mulher, aproximação do pai e evitar a ruptura do bebê com a família – explica Rejane.

Na quinta-feira também foram realizados simpósios satélites e pôsteres comentados. Ao final do dia, ocorreu a reunião do Clube do Pulmão Neonatal “Dra. Cleide Suguihara”, que a cada edição presta uma homenagem a um pesquisador com histórico acadêmico ligado à área de pneumologia neonatal. Neste ano, o professor, doutor, médico e pesquisador do Hospital for Sick Children, cientista sênior e professor de Fisiologia Experimental da Universidade de Toronto, no Canadá, Jaques Belik, foi o agraciado. No mesmo dia, o professor ministrou uma conferência sobre estresse oxidativo dentro da programação do Congresso.

Manual apresenta cuidados com prematuros

Escrito a dez mãos pelas doutoras Gislayne Castro e Souza de Neto; Ligia Maria Rugolo; Lilian Sadeck; Rita de Cássia Silveira; e, Rosângela Garbers, o “Nascer prematuro – manual de orientação aos pais, familiares e cuidadores de prematuros na alta hospitalar” foi idealizado há quatro anos por Gislayne e lançado no primeiro dia do Congresso.

- O objetivo foi reunir colegas neonatologistas que tivessem experiências semelhantes com recém-nascidos prematuros para elaborar um material para os pais, visto que a SBP já possui um manual semelhante voltado aos neonatologistas – explica Gislayne.

O manual, de acordo com Lilian, reúne as principais dúvidas já vivenciadas pelas profissionais no atendimento à família de prematuros, como a previsão de alta, cuidados em casa e as repercussões dos problemas que a criança apresentou durante a internação, como problemas pulmonares, cardíacos e alimentação. Outro diferencial do livro é trazer depoimentos de mães, apresentando suas dúvidas e problemas, aproximando ainda mais da realidade das famílias.

Responsável pela coordenação do manual voltado aos profissionais, Rita destaca a importância do cuidado familiar no estabelecimento do prematuro.

- Tivemos como objetivo oferecer uma orientação adicional ao que eles recebem nas UTIs Neonatais. Acreditamos que o cuidado do prematuro é uma extensão do atendimento perinatal e de nada adianta investir em equipamentos se não olharmos para as famílias e o cuidado individualizado para estimular o desenvolvimento do bebê – comenta Rita.

A distribuição do manual será gratuita de acordo com as autoras. Cerca de 7 mil volumes devem ser impressos e repassados aos consultórios pediátricos, além de disponibilizar o material no site da SBP.

Gravidez Zero Álcool

Dentro da programação do Congresso, ocorreu o lançamento da campanha “Gravidez Zero Álcool”. A coordenadora de Campanhas da SBP, Conceição Segre, explica que o objetivo da entidade é realizar um levantamento a nível nacional sobre o tema.

- Ainda não temos dados sobre o assunto no Brasil, apenas pesquisas pontuais, como a que foi realizada na Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. Cerca de 30% das gestantes ingerem álcool em algum momento da gravidez e 20% delas, até o final. Nesta pesquisa realizada com quase duas mil mães foi possível encontrar a síndrome fetal completa – conta Conceição.

Entre as consequências da ingestão de álcool durante a gravidez, está também a microcefalia, conforme aponta a coordenadora.

Congresso segue até sábado

Considerado o maior Congresso de Perinatologia já realizado pela SBP no Brasil, o evento segue até sábado (17/09), com palestras, conferências, colóquios e sessões de temas livres. O objetivo do evento é atualizar os neonatologistas, pediatras e demais profissionais da saúde para promover um atendimento qualificado aos recém-nascidos a termo (que concluíram o tempo de gestação) e prematuros.