Rosana Fiorini Puccini
Ana Lúcia Ferreira
Angélica Maria Bicudo
Rosana Alves
Silvia Wanick Sarinho
Suzy Santana Cavalcante
Ana Cristina Ribeiro Zollner
Ana Cristina Zöllner
Alessandra Carla de Almeida Ribeiro
Os avanços das ciências, sobretudo do século XX, determinaram mudanças significativas no perfil de morbidade e mortalidade das populações de todos os países do mundo. Em decorrência desses avanços, sobretudo na biologia, genética e imunologia, as últimas décadas foram marcadas pelo desenvolvimento de novas abordagens na promoção à saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento de muitas doenças. Conceitos de saúde, doença, vida permanecem em debate e o equilíbrio entre a objetividade das ciências biológicas e as dimensões socioculturais e da subjetividade das pessoas, presentes também em todo esse processo, constitui um caminho sempre a percorrer. A contribuição das ciências humanas – sociologia, antropologia, psicologia – na investigação de problemas de saúde permitiram maior compreensão e ampliaram as possibilidades de atuação frente às complexas questões da contemporaneidade, como cyberbulling, consequências do trabalho infantil na saúde de crianças e adolescentes, violência doméstica e outros. Sentimentos e valores dos pacientes, de seus familiares e dos profissionais estão envolvidos para a tomada conjunta de decisões, estabelecendo uma relação dialógica e de reconhecimento do outro como sujeito.
A pediatria apresenta, adicionalmente, algumas particularidades – o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento, as mudanças e especificidades observadas do recém-nascido à adolescência, a relação médico – paciente que inclui quase sempre a mediação do adulto (em geral a mãe), as diferentes linguagens que compõem a comunicação.
No final do século XIX havia no país apenas três escolas médicas. A constituição forma da pediatria como especialidade surge nesse período, em 1881, com a fundação da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, por iniciativa de Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo. Deve-se a ele, também, a criação da cadeira de Clínica de Moléstias de Crianças na Escola de Medicina do Rio de Janeiro, em 1882. Em justificativa ao Governo Imperial para a criação dessa cadeira, Moncorvo Figueiredo destacava a frequência das moléstias infantis, a letalidade dessas moléstias e, principalmente, os avanços sobre essas doenças e a necessidade de médico com conhecimentos específicos das patologias de crianças.
O ensino da Pediatria, ou melhor, o processo de ensino-aprendizagem da pediatria na graduação em medicina, busca atualmente alcançar as competências necessárias para o egresso do curso médico realizar um bom atendimento à criança e ao adolescente.
Em 2002, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) organizou o estudo “Ensino de pediatria em escolas de medicina da América Latina”, com participação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com levantamento de dados nas Unidades de Pediatria de 194 escolas médicas.
Este documento foi elaborado pela Coordenação de Graduação da Sociedade Brasileira de Pediatria (https://www.sbp.com.br/a-sbp/gestao-atual/ ), em conjunto com 27 representantes das filiadas estaduais da Sociedade e 12 representantes da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM)
31 de março de 2022