A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) rebate a proposta de cursos de pós-graduação, oferecidos pelo país, com autorização do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que se denominam como “semi-residências”. Há diversos casos com carga horária extremamente inferior ao proposto pelos programas de residência médicas oficiais, o que obviamente redunda em formação inadequada e insuficiente à boa assistência aos cidadãos.
Especialistas da SBP defendem apenas duas vias para obtenção do título que permite a atuação na especialidade. “Se o indivíduo conclui o programa de Residência Médica, cujo número de horas é extremamente exigente e rígido, sob supervisão competente, ou é aprovado na prova de título outorgado pela sociedade de especialidade, então torna-se especialista, em nosso caso, um pediatra”, explica o 1º vice-presidente da Sociedade, dr. Clóvis Francisco Constantino.
De acordo com Constantino, quem recorre a cursos de pós-graduação ou aos chamados de “semi-residência” precisa prestar o concurso de título na sociedade de especialidade.
“O problema é que com este nome, tais cursos induzem a um entendimento equivocado, o que pode comprometer a formação e a qualidade do atendimento”, salienta.
Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional, Benefícios e Previdência da SBP, critica a oferta desses cursos e destaca que “o médico mal preparado trará prejuízo no atendimento à população, inclusive com riscos e grande chance de aumento dos erros médicos”.
“É importante evidenciar que qualquer outra formação que foge à normatização nacional não será reconhecida dentro da especialidade/área de atuação. Um curso de ‘semi-residencia’ não terá reconhecimento da comunidade médica. Todas as questões envolvidas na formação estão prejudicadas, como conteúdos práticos e teóricos, em uma carga horária tão restrita, e sem garantia de um preceptor com a qualificação necessária”, afirma a dra. Ana Cristina Zollner, membro da coordenação de pós-graduação da SBP.
Medidas
A SBP discutirá o tema, com ênfase no esclarecimento à população pediátrica. “É essencial esclarecer os egressos das faculdades de medicina. As pessoas estão se formando e podem ser seduzidas por uma oferta desse tipo, acreditando que se tornarão especialistas. Encaminharemos ações no sentido de alertar a opinião pública e de cobrar posicionamento responsável das autoridades”, diz dr. Clóvis.
Dra. Ana Zollner finaliza argumentando que “o padrão ouro da formação do especialista na área médica é a residência médica”.