De acordo com pesquisa realizada pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, 70% dos pediatras já sofreram algum tipo de agressão durante a realização de atendimento. A maior parte das reclamações refere-se à violência psicológica, 63%, seguida de física, 10%, e cyberbullyng, 4%. Os números evidenciam um cenário alarmante.
“O pediatra, assim como o clínico geral, está na linha de frente da assistência, seja no setor público ou privado. Se o paciente não consegue marcar consulta ou fica muito tempo na fila de espera, é esse especialista que recebe toda a raiva da população contra o sistema tão frágil e deficiente; estamos sujeitos à ira da sociedade desassistida”, declara Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Pediatria.
E não é somente o pediatra que está sujeito a passar por situações opressivas: recente pesquisa do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) revelou que 17% dos médicos já foram vítimas de algum ataque e 47% conhecem algum episódio vivenciado por colegas de profissão.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) já recorreu três vezes ao Secretario de Segurança Pública, a última em 2016, duas delas devido à agressão e ameaça a pediatras no cumprimento de seu dever. As Secretarias de Saúde Municipais e Estadual, assim como o Ministério Público, também foram acionados, refere Sidnei Ferreira, Conselheiro e Diretor Secretário Geral da SBP. É um problema nacional, já denunciado, também, pelo CFM, que devemos levar ao Ministro da Justiça, conclui.
Marun Cury alerta também que é necessário compreender as causas que levam à agressão. Desta forma, será possível criar apolíticas para coibir manifestações truculentas nas unidades de saúde.
“Isso precisa ser combatido. Para tanto, é essencial a promoção de planos de carreira e maior contingente de médicos a fim de atender todos os usuários, sem demora no atendimento e acúmulo de pacientes”, esclarece.
Os locais de trabalho tornam-se ambiente cada vez mais hostil, reflexo disto é a queda na satisfação dos médicos com suas profissões: segundo levantamento do CREMESP, passou de 55% para 45%.
Para o diretor de Defesa Profissional da SBP, desenvolveu-se um círculo vicioso: a má qualidade de assistência gera a violência, que, por sua vez, prejudica o bom funcionamento da saúde no país.
“A relação médico-paciente está fragilizada e as autoridades competentes devem atuar em prol de um universo mais saudável dentro dos hospitais. Se nada for feito, os casos de violência tendem a aumentar, assim como as queixas pela má qualidade do serviço de saúde”, conclui.