Valorização do preceptor é fator fundamental para residência médica de qualidade

Por meio do Programa Mais Médicos, a expectativa do Governo Federal é abrir 12,4 mil novas vagas em Residência Médica até 2017. De acordo com o artigo Medical Residency Vacancies in Brazil: Where to Apply and what is Assessed, publicado na Revista Brasileira de Educação Médica, a pediatria é a segunda maior especialidade do Brasil, acumulando 13,88% das cadeiras abertas no país – no Sudeste encontra-se maior concentração, 56,9%.

Os preceptores são responsáveis pela adequada formação dos jovens médicos, orientando-os e ensinando-os práticas diárias. Clóvis Constantino, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que tal função é exercida por médicos, professores ou não, que tenham vasta experiência; assim, construindo lastro que os capacitam a transmitir o conhecimento por meio de contato direto com ambulatórios, prontos-socorros, enfermarias e centros cirúrgicos.

Contudo, estes profissionais não são valorizados, sobretudo financeiramente, como é destacado por Contantino: “Em alguns serviços, a remuneração é simbólica, representando grande problema para este tipo de atuação, uma vez que os preceptores desistem em decorrência disto – é uma situação de desinteresse em potencial. Quem se dedica a este trabalho, precisa dividir seu tempo também com os afazeres de outras instituições em que trabalha, além de estudar e preparar-se para dar aulas. É uma missão qualificadora e exige muito investimento profissional”.

No sistema privado, as condições são melhores, apresentando melhor remunerações. “Porém, a grande massa crítica da residência médica está no sistema público, onde também há concentração do maior número de vagas”, denota.

Reflexos

A falta de reconhecimento da importância dos preceptores acarreta, consequentemente, em especialistas mal formados. Na ponta mais fraca da equação, a população sofre a curto e longo prazo. “Primeiramente quando é atendida por esses residentes que não contam com alguém norteando e avaliando a validade de suas ações. Então, no futuro, se esse especialista chegar ao título de especialidade, não estará bem treinado e prestará assistência insuficiente e deficitária”, ressalta o vice-presidente da SBP.

Padrão Ouro

Um dos pontos mais importantes para formação em qualquer especialidade médica é a disponibilidade de serviços montados com instalações próprias para o cenário de prática, lugar no qual o jovem médico receberá os pacientes, com ambulatório, pronto-socorro, centro cirúrgico e enfermaria. “Este é o cenário onde praticará a especialidade ao longo dos anos; não existe outro treinamento que tenha tamanha eficácia. Por isso a definição de residência médica é: treinamento em serviço sob supervisão competente – supervisão esta feita pelo preceptor”, conclui.