Palavra da Presidente

"Agosto Dourado - Amamentação que vale ouro!" 

Caros colegas pediatras,

No dia 12 de abril desse ano, o Palácio do Planalto sancionou a lei nº 13.435, que instituiu o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno. Essa é uma conquista de todos nós, que trabalhamos incessantemente na promoção e no incentivo à amamentação. A lei fala da divulgação e da importância do tema, estando em sintonia com a proposta da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) deste ano – Sustaining Breastfeeding – Together – Sustainable partnership and the rule of Law – que no Brasil foi traduzida para “Trabalhando juntos pela amamentação, sem conflitos de interesse”.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do seu Departamento Científico de Aleitamento Materno, criado em 1980 com o nome de Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno, trabalha continuamente nas campanhas e ações de incentivo à amamentação, além de apoiar a doação de leite materno e divulgar o trabalho dos bancos de leite humanos no Brasil.

O Agosto Dourado, como passa a ser chamado o mês do aleitamento materno, é uma oportunidade de reforçar o ato de amamentar e os seus benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê não só no período em que a criança é amamentada, mas para toda a vida. Estudos científicos comprovam a eficácia do leite materno na redução de morbidades, mortalidades, desigualdades, violência, danos ambientais bem como na prevenção de diversas doenças, além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho.

E é esse o papel que todos nós, pediatras e profissionais de saúde, devemos ter frente à sociedade: trabalhar a conscientização de todas as mulheres que são mães sobre a importância de amamentar o seu filho exclusivamente com o leite materno até, pelo menos, os primeiros seis meses de vida, desde que não haja algum motivo clínico que a impossibilite o aleitamento, conforme as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Academia Americana de Pediatria (AAP), do Ministério da Saúde e da própria SBP.

De acordo com a OMS, apenas 38% das crianças são amamentadas exclusivamente com o leite materno e em livre demanda até o sexto mês de vida. Em nosso País, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas 9% das crianças se beneficiam do aleitamento materno exclusivo por seis meses.

Desde o ano passado, quando a WABA divulgou os 17 objetivos do milênio, foi estabelecida a meta global para que até o ano de 2025, pelo menos, 50% dos lactentes recebam o leite materno. Para atingir o objetivo, é necessário alinhar esforços que englobem equidade de gênero, direitos trabalhistas, nutrição e saúde, meio ambiente e desenvolvimento econômico.

Estes números são as evidências das quais precisamos para entender a urgência da necessidade de participação e colaboração de todos em prol do aleitamento materno e depende de cada um de nós, pediatras e profissionais de saúde, o esforço para trabalharmos juntos na transmissão de informações à sociedade em geral sobre os benefícios do aleitamento materno.

Luciana Rodrigues Silva 

Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)