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Conselho Editorial
Eduardo da Silva Vaz (presidente da SBP)
e Luciano Borges Santiago
(Departamento Científico de Aleitamento Materno).
Departamento Científico
de Aleitamento Materno da SBP
Luciano Borges Santiago (presidente / MG)
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Conselho
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Informativo Semestral da Sociedade
Brasileira de Pediatria,
filiada à Associação Médica Brasileira
Entrevista
Escutando as mães
A nutricionista
Fernanda Monteiro
é mãe de três filhos e coordena as ações de aleitamento materno na Área Técnica de Saúde da Criança do Ministério da Saúde (MS). Leia, a seguir.
Inês Campelo
Fernanda, numa tradução livre, o tema
da SMAM deste ano é “perto das mães”.
Qual o entendimento do MS?
Já na primeira reunião do Comitê Nacional
de Aleitamento Materno, em fevereiro, o
consenso foi o de que devemos trabalhar com
o aconselhamento do profissional de saúde.
Esse é o objetivo de 2013?
A campanha é voltada para a mulher em ida-
de fértil. Queremos que ela saiba que pode
procurar pessoas especializadas, que será
ouvida pelos profissionais de saúde e saiba
buscar essa ajuda.
Onde exatamente?
Com os profissionais do SUS, nas unidades
básicas de saúde, nos bancos de leite humano
e na rede particular. Nos Hospitais Amigos da
Criança há o Passo 10, com o encaminhamen-
to da mulher, logo após a alta do parto, para
a unidade mais próxima de sua casa, para que
a amamentação seja acompanhada por um
grupo de mães.
Como tem sido feito o trabalho no SUS?
A Rede Amamenta Brasil, que atua com
aleitamento materno nas unidades básicas,
foi integrada à Estratégia Nacional para
Promoção da Alimentação Complementar
Saudável (ENPAS). São os mesmos profissio-
nais, vimos que não tinha sentido parar a
unidade durante meio período, capacitar os
profissionais sobre aleitamento materno e
depois, em outro momento, parar de novo
para trabalhar a alimentação complementar.
As oficinas envolvem todos os profissionais,
incluindo o porteiro, porque entendemos que,
desde o momento em que a mulher está na
recepção, pode ser ajudada na amamentação.
Há relatos, por exemplo, de funcionária que
alertou o médico sobre o fato de uma mãe
ter dito que, naquela noite, começaria com a
mamadeira. É uma sensibilização que precisa
ocorrer com todos.
Há outras estratégias para a capacitação
dos profissionais de saúde para o acon-
selhamento?
Estamos revendo o curso de 20 horas. Ini-
ciamos a discussão no primeiro semestre.
Vamos adequá-lo e voltar a oferecê-lo no
próximo ano.
Qual a diferença entre o curso e a oficina
da Rede Amamenta e Alimenta Brasil?
No curso só é trabalhado o aspecto do
aconselhamento, entra a
pega
, por exemplo,
como a mãe deve colocar o bebê no peito. Na
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, não
aprofundamos a questão técnica. Na primeira
parte, a discussão é com os profissionais que
já têm essa bagagem. Depois, na hora da par-
te prática, os participantes vão para a unidade
básica e aí envolvem todos os demais.
Quantas são as oficinas?
Ano passado foram duas macro regionais, nos
reunimos com dois representantes de cada es-
tado, mais o da Saúde da Criança, um da Área
de Nutrição, discutimos a proposta da Estra-
tégia Amamenta e Alimenta Brasil. Este ano,
estamos custeando 50 novas oficinas e vamos
a todos os estados. Importante salientar que
sempre há profissionais representantes da
Área Indígena, que depois são responsáveis
por multiplicar os conhecimentos nas aldeias,
nos distritos sanitários especiais.
Sobre sua história com a amamentação,
como começou?
Sou nutricionista. Logo depois que me for-
mei, em 2002, fui trabalhar exatamente
com a saúde indígena. Era grande a preo-
cupação, porque existia muita entrada de
leite artificial em aldeia. Por isso, comecei a
procurar o Ministério da Saúde.
Como foram suas experiências pessoais
com o aleitamento materno?
Diferentes entre si. Tenho três filhos.
Com o primeiro, tive pré-eclâmpsia, Jo-
sué nasceu prematuro, ficou numa UTI
Neonatal. Mesmo com ele internado, con-
segui ordenhar e dar meu leite. Quando
saiu da maternidade, estava só no peito.
Mas depois teve anemia, precisou fazer
transfusão, voltou para a maternidade.
Fiquei emocionalmente muito abalada,
ele não ganhava peso. Me cobrei demais
como profissional que trabalhava com
aleitamento materno. Com quatro meses
começou a receber outro tipo de leite, fi-
quei meio frustrada, foi muito difícil. Com
minha segunda filha,Valentina, já foi uma
benção mesmo, no sentido do aleitamento
materno. Ela nasceu com oito meses, mas
não ficou na UTI, pude amamentá-la até os
seis meses exclusivamente e depois até um
ano e meio, quando precisei parar porque
viajava muito a trabalho. A Sarah veio para
‘fechar com chave de ouro’. Mamou só no
peito por seis meses e depois até dois anos
e dois meses, quando ela mesma não quis
mais. Foi um desmame natural.
Com seu conhecimento, precisou também
de apoio de profissional de saúde?
Precisei. Com Valentina, houve um momento
em que ‘travei’, parecia que o leite não ia descer.
Fui a um Banco de Leite Humano onde a en-
fermeira já me conhecia. Conversamos, falei
do meu medo. Ela me disse ‘pensa numa coisa
boa’. Fechei o olho, senti que era possível que
tudo desse certo. O leite desceu na hora, foi
um alívio. Mas precisei de alguém que me es-
cutasse, que soubesse o quanto eu estava me
cobrando, que me ajudasse a acreditar. Com
minhas filhas meu marido também me apoiou
demais, viu como foi difícil com Josué. Minha
mãe também ajudou muito.
Grande evento
na Orla de Belém
Juntamente com diversas instituições, como as Secretarias de Saúde do estado e do município, a Pastoral da Criança, o Corpo de
Bombeiros, Hospitais Amigos da Criança, a ONG Pró-Aleitamento, a Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape) realizará um grande
evento no sábado, 03 de agosto, de 9 às 12h, no Portal da Amazônia, orla de Belém. A ideia é reunir um grande número de mulheres
amamentando, e divulgar o tema “Apoio próximo, contínuo e oportuno”, informa a dra. Rosa Marques, diretora da filiada.