CAPA
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Puericultura e
desenvolvimento na
adolescência
aria estava preocupada, o filho Paulo ficava o tem-
po todo trancado no quarto. Nas paredes, figuras
escuras, sombrias. No ambiente, aquela “música
ensurdecedora”. O menino não falava com mais
ninguém em casa, a mãe não entendia o que se
passava, tinha medo que estivesse envolvido com
drogas ou sofrendo de alguma outra influência perigosa.
Levado à pediatra, a médica viu que o garoto estava na fase
de mudança de voz. Conversando sobre o assunto, soube que
os irmãos riam quando falava fino e grosso, o pai mandava
se expressar “direito”. Cansado de tantas críticas, aos 12
anos, resolvera simplesmente se calar. Os nomes são fictícios,
mas a história é verdadeira e conta um pouco sobre o que é
a adolescência e como, em grande parte das vezes, é fácil,
para o pediatra, atender o paciente também nessa fase tão
importante:
– Basta estar junto, conversar, deixá-lo à vontade, ter um
olhar, uma escuta diferenciada. Boa parte das questões são
simples para o pediatra, que tem o privilégio de acompanhar
o paciente desde que nasceu. O adolescente, na verdade,
adoece pouco, suas dificuldades costumam estar mais li-
gadas às várias transformações que ocorrem no corpo, no
cérebro, emocionalmente, em suas relações sociais. Até por
isso a procura pelo médico é muito menor que na infância
– salienta Mariângela de Medeiros Barbosa, presidente do
Departamento Científico de Adolescência da SBP.
M
Byron Prujansky
Dra. Mariângela Medeiros
Dra. Isabel Bouzas
Vera Godoy