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giada em relação a indicadores de
saúde, com uma mortalidade infantil
muito baixa, uma assistência ao parto
importante, assim como também é a
taxa de cobertura vacinal e o acom-
panhamento das crianças saudáveis.
Mas há áreas que apresentam dificul-
dades e requerem mais esforço, como
políticas específicas para o tratamento
de certos problemas do prematuro
e, na outra ponta, para a proteção à
adolescência.
Em quanto tempo se faz a resi-
dência?
Três anos.
Dr. Francisco Mardones
,
presidente
da Sociedade Chilena de Pediatria
Bolívia
Como estão as crianças no seu
país?
A mortalidade infantil nos preocu-
pa muito. A principal é a neonatal,
especialmente por dois fatores, as más
condições do pré-natal e o excessivo
número de cesarianas. É preciso de-
cisão do governo para superar isso.
Estou interessado em saber como
ocorreu o declínio nos demais países
e também em conhecer como as ou-
tras sociedades se organizam. Como
entidade científica, temos a missão
de colaborar para a solução dos pro-
blemas da infância.
Qual o perfil do pediatra na Amé-
rica Latina?
Creio que deve ser “humano” e
preparado, com muito conhecimento
sobre a infância, capaz de solucionar
seus problemas de saúde.
Dr. Luis Zabaleta
,
presidente da
Sociedade Boliviana de Pediatria.
Paraguai
O que o sr. achou da reunião?
Foi importante para conhecermos
as realidades de cada país. Há dife-
renças e também aspectos comuns.
Precisamos ter um currículo único
no Mercosul, básico para todos os
países, de modo que permita a livre
circulação de profissionais, com o
cumprimento das normas de cada
país e com uma formação uniforme.
Também é preciso melhorar as con-
dições de trabalho e a remuneração
do pediatra. Discutimos ainda a
recertificação,bem como a educação
que estamos oferecendo como socie-
dades científicas, seja à distância ou
em cursos e congressos.
Em quanto tempo de faz a resi-
dência em Pediatria no Paraguai?
Três anos, desde 1983.
Luis Moreno,
presidente da Sociedade
Paraguaia de Pediatria.
Uruguai
Em quanto tempo se faz a resi-
dência?
Três anos. É assim há cerca de 20.
Que reivindicação dos pediatras
em seu país o sr. destacaria?
Temos a titulação, mas queremos
que a cada cinco anos o pediatra volte
a demonstrar que está atualizado para
seguir atendendo as crianças. Somos
o único país da região que ainda não
faz a recertificação. Vamos apresentar
a Declaração do Rio de Janeiro ao
Ministério da Saúde. Queremos que a
Sociedade participe tanto da certifica-
ção do pediatra quanto da atualização
do título de especialista.
Walter Pérez
,
presidente da Sociedade
Uruguaia de Pediatria
“Uma só nação pediátrica”
A definição da meta acima é do
representante da SBP no GPEC,
Dioclécio Campos Jr. Leia, a seguir,
a entrevista.
Dr. Dioclécio, é possível e dese-
jável um currículo básico mundial?
Possível, sim. A sociedade globali-
za-se, a olhos vistos, seguindo o que
já ocorre, de forma irreversível, com
a economia. A economia será, de fato,
global se a sociedade humana também
o for. Logo, o currículo básico mundial
da pediatria é possível porque coeren-
te com os rumos da história. Desejá-
vel, igualmente. Agrega contribuições
internacionais de elevado alcance no
intuito de aprimorar a formação do
pediatra. Implica atualidade científica
e desdobramentos sociais dos quais
dependem a assistência qualificada à
saúde da infância e da adolescência
em todos os países. Além disso, pro-
jeta o futuro próximo, quando os pro-
fissionais, cuja formação for reconhe-
cidamente global e qualificada, terão
direito à livre circulação, respeitadas
as particularidades de cada país.
Como é a proposta em l inhas
gerais?
O currículo básico reúne tópicos
que unificam a formação do pediatra.
Inclui as habilidades a serem domi-
nadas, entre as quais, as de natureza
ética, relacional, interativa, ademais
das que o habilitam ao diagnóstico
clínico, uso correto de procedimen-
tos técnicos e normas terapêuticas.
Estende-se aos conteúdos das áreas
de conhecimento indispensáveis à
capacitação pretendida. Destaca o
cerne preventivo do atendimento pe-
diátrico, momento ímpar para ações
educativas destinadas à promoção da
saúde. Exalta a atividade que chama
de advocacia, ou seja, a compatibili-
zação da assistência à saúde com a
defesa dos direitos da criança e do
adolescente. A iniciativa do GPEC
contém sugestões para implantação
do currículo básico e metodologia para
avaliação dos seus resultados.
A situação do Brasil é a pior?
Quanto à duração do programa de
residência médica, é a pior. Único país
que forma o pediatra em dois anos.
Vergonha. Reflete incompetência,
insensibilidade e descompromisso dos
gestores. Não reconhecem a dimensão
da pediatria. Excluem pediatras do
SUS e delegam essa competência
a profissionais não médicos ou a
médicos não pediatras. A aprovação
do currículo básico pelos países do
Cone Sul é poderoso argumento para
convencer autoridades brasileiras a
reverem o atraso em que se mantêm. A
prioridade do investimento na infância
e na adolescência é o único caminho
rumo às inadiáveis transformações
que a sociedade brasileira não pode
mais esperar.