Consenso de cuidado com a pele do Recém nascido
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Circuncisão
Jandrei Markus
A circuncisão é uma operação cirúrgica em que o prepúcio que recobre a glande do pênis
é removido. O procedimento é considerado simples e as taxas de complicações são pe-
quenas, conforme a técnica cirúrgica utilizada, a habilidade do cirurgião e cuidados após
o procedimento. Tradicionalmente judeus realizam a circuncisão nos seus recém-nascidos
como parte de sua religião. E, nos últimos anos, estudos demonstraram que a circuncisão
pode ser benéfica como medida de saúde pública para a redução da transmissão do HIV e
de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Desta maneira, alguns países em desenvolvimento, principalmente em países africanos,
criaram metas de realizar a circuncisão em todos seus recém-nascidos como medida de
prevenção de DST na idade adulta. Porém, um dos maiores questionamentos com relação
à aplicação desse procedimento para a prevenção de DST é se ele poderia ser postergado
para o final da infância e início da adolescência, onde seria uma decisão da pessoa e não
de seus pais. Além disso, questiona-se que o uso de preservativo é mais eficaz na preven-
ção e também mais barato, pois estima-se que o custo de cada circuncisão equivaleria a
aproximadamente 3.500 preservativos
[1-4]
.
Outro argumento a favor da circuncisão é de que ela poderia ser benéfica na redução da
frequência das infecções do trato urinário nos recém-nascidos e lactentes, da fimose e das
balanopostites. Ao mesmo tempo, existem publicações que mostram não haver diferença
entre os grupos, sendo matéria ainda controversa
[2,3,5]
.
Atualmente a preocupação com a circuncisão se relaciona na relação entre os benefícios e
os riscos do procedimento, não sendo mais aceitável realizar o procedimento sem o uso de
medicações para aliviar e mesmo retirar a dor.
Alguns autores recomendam o uso de anestesia geral pela intensidade da dor e para a
redução do risco do neonato se movimentar durante o procedimento. Outros autores acre-
ditam que a anestesia local e/ou o uso de glicose oral sejam suficientes para o alivio da dor,
além do uso de analgésicos no pós-operatório, como o paracetamol. É desaconselhável
o uso de anestésicos tópicos pela possibilidade de alteração da anatomia, dificultando ou
mesmo impossibilitando a realização da circuncisão.