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se preparou para isso. O apelo está em todo lugar, mas falta
educação voltada ao jovem, bem como a maneira como as
famílias vão lidar com o assunto depende de cada uma e gera
muitas dúvidas. A prevenção, naturalmente, deve começar
desde cedo, em todas as questões. “O pediatra pode e deve
fazer uma orientação contraceptiva, bem como examinar a
genitália externa, orientar a higiene, a sexualidade – com a
qual ele lida desde a infância –, as Doenças Sexualmente
Transmissíveis, e encaminhar ao especialista e, no caso, ao
ginecologista, na medida em que veja necessidade. É mes-
mo como já ocorre com os bebês. Não recebo todos, isso até
sobrecarregaria o Sistema”, comenta a dra. Isabel.
Nosso objetivo, diz a dra. Mariângela, é que “o pediatra
esteja aberto para os problemas vividos na faixa etária, bem
orientado sobre o que é o desenvolvimento dentro da nor-
malidade, em todas as questões”. Ciente sobre o estirão, a
distribuição de gordura corporal, o ganho de peso, as trans-
formações, como no sistema endocrinológico, se a menstrua-
ção é regular ou irregular, compreendendo as mudanças pelas
quais o adolescente passa, o pediatra deve “desconfiar do
que seja patológico, alertando o próprio paciente, a família,
de maneira que contribua para que essa passagem para a
vida adulta seja mais branda, menos
sofrida, mais prazeirosa”, diz.
Há, evidentemente, casos que ne-
cessitam de mais experiência e onde
a atuação interdisciplinar é particu-
larmente importante. Aconteceu no
Hospital Universitário da Paraíba
recentemente, quando chegou lá
uma menina de 12 anos com queixas
abdominais, que já tinha passado por
vários médicos, pronto-atendimento,
feito endoscopias e outros exames,
mas nada era encontrado. Foi encami-
nhada à pediatria pela gastroenterolo-
gista e já com um aviso da assistente
social: “Há alguma coisa bem errada
com essa menina, ela não está feliz”.
De fato, depois da pesquisa, chegou-
-se ao triste fato de que a garota era
abusada sexualmente pelo padrasto, desde bem pequena. “A
queixa foi seu grito de socorro”, comenta a dra. Mariângela.
Revista e trabalho integrado
A parceria entre a SBP e o NESA já é antiga. “Sempre
existiu. Mas agora há uma aproximação ainda maior, que
consideramos muito importante. Queremos chegar a resul-
tados bem práticos. A Universidade edita, há 10 anos, a
revista Adolescência e Saúde (http://www.adolescenciae-
saude.com/), que é a única dedicada ao tema na América
Latina. A publicação vem crescendo em qualidade e um dos
fatores que tem levado a isso é o apoio por parte da SBP, da
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obs-
tetrícia (Febrasgo), do Ministério da Saúde, da Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS) e de outras instituições”.
Há ainda a Biblioteca Virtual da Área de Saúde/Adoles-
cência, a Rede Adolec, sob responsabilidade do Ministério
da Saúde, apoiada pela OPAS/ OMS e gerenciada pela
Birene. O NESA foi convidado a reativá-la, a fazer parte
da secretaria executiva. “A SBP sempre esteve no Conselho
Consultivo, onde continua. Mas em Florianópolis, durante o
Congresso Brasileiro de Adolescência, fizemos uma reunião
para renová-lo e escolher um Conselho Executivo, que conta
agora com a participação da Sociedade, representada pelas
dras. Mariângela Medeiros e Darci Bonetto. A Biblioteca
está no ar (http://www.adolec.br/php/index.php), “em de-
senvolvimento” – informa a dra. Isabel.
Cursos de Adolescência para Pediatras
e manual prático
A SBP dará início em 2013 a projetos bem práticos volta-
dos à capacitação do pediatra na área. O primeiro é o Curso
de Adolescência para Pediatras (APP): “Vamos sensibilizar,
atualizar, apoiar o profissional”, informa a dra. Mariângela.
Serão palestras, seguidas de debates
sobre as dúvidas, discussão dos temas
polêmicos. “Logo na abertura, fare-
mos o levantamento das dificuldades
encontradas no atendimento. Utili-
zaremos dinâmicas e dramatizações
entre os participantes”, acrescenta.
No programa, estão as característi-
cas e especificidades da consulta,
questões envolvidas no crescimento
e no desenvolvimento, a chamada
Síndrome da Adolescência Normal,
orientações nutricionais, anorexia,
bulimia, obesidade, Síndrome Me-
tabólica, sexualidade, contracepção,
gravidez, DSTs e Aids, os vários tipo
de violência, o uso de substâncias
psicoativas e os problemas mais co-
muns no consultório, que vão da acne
à saúde bucal”, adianta. Além disso, como serão dois dias
de trabalho, abriremos espaço para uma conversa com pais
e professores, a serem convidados pela filiada da SBP que
estiver sediando o evento.
Um manual também está sendo preparado e já conta
com contribuições de outros Departamentos da Sociedade,
como Nutrologia, Dermatologia e Infectologia. Assim como
o curso, terá a participação do NESA. “A ideia é distribuir a
publicação aos participantes do APP. Será também prático,
não é um ‘livro-texto’, e vamos aprimorando seu conteúdo
na medida em que os encontros forem sendo realizados,
incorporando as questões levantadas”, informa.
Grupo Keystone