Consenso de cuidado com a pele do Recém nascido
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Um estudo realizado na Argentina separou os recém-nascidos em 2 grupos: no primeiro
utilizou-se o álcool e banho somente após dois dias, como praticado historicamente neste
país e no segundo grupo realizou-se banho diário e limpeza do cordão sem utilização de
álcool. No grupo que realizou o banho diário observou-se uma maior colonização no cordão
umbilical e no grupo que realizou o uso do álcool o tempo de queda do coto umbilical foi
maior, porém não houve diferença com relação a infecções sistêmicas e onfalites
(4)
.
Revisões sistemáticas também demonstraram que o benefício do uso de antissépticos está
presente em regiões com hábitos precários de higiene, não oferecendo vantagens em re-
lação às recomendações de se manter o coto limpo e seco. Uma revisão sistemática dos
estudos controlados publicada em 2009 avaliou 21 estudos com 8.959 recém-nascidos.
Nessa revisão foram incluídos estudos comparando o emprego de soluções anti-sépticas,
antibióticos tópicos e somente assepsia. A qualidade de evidência foi baixa e os resulta-
dos mostraram uma redução da colonização nos recém-nascidos tratados com antibióticos
quando comparados aos tratados com anti-sépticos e ao grupo sem tratamento. Obser-
vou-se também queda mais tardia quando da utilização de anti-sépticos tópicos. A mesma
revisão encontrou que o emprego de soluções anti-sépticas não ofereceu vantagens sobre
a manutenção do cordão limpo e seco, como orientado pela OMS. Nos locais onde os
cuidados com o coto era um fator de risco para o desenvolvimento de infecções umbilicais,
o uso de clorexidina a 4% poderia reduzir o risco de infecção
(5)
.
Algumas publicações relatam uma redução na mortalidade e nas infecções do cordão um-
bilical quando se utiliza a clorexidina, comparado apenas com a limpeza do cordão. Estes
trabalhos foram realizados em regiões onde a maioria dos partos era domiciliar e com aten-
dentes muitas vezes não treinadas com as mínimas condições de higiene. Ainda assim,
deve-se levar em conta o potencial da clorexidina em provocar queimaduras em pré-termos,
mesmo em soluções aquosas, com vários casos já relatos. Além disso, o uso de clorexidina
parece postergar a queda do cordão sem aumentar o risco de infecção por este motivo, mas
podendo ser um fator de descontentamento para os pais mais esclarecidos
(6-10)
.
Desta forma, observa-se que o uso de antissépticos e mesmo antibióticos tópicos até o mo-
mento não conseguiram demonstrar um benefício em todas as populações, sendo questio-
nável o seu uso rotineiro. É provável que o emprego de medidas de assepsia nos cuidados
com o cordão, como a lavagem de mãos, a colocação de uma gaze limpa para cobri-lo e
a troca frequente de fraldas depois da micção ou evacuação sejam práticas superiores ao
emprego de soluções anti-sépticas
(5)
.
Atualmente alguns hospitais adotam o uso da clorexidina para a realização de acesso intra-
vascular na população pediátrica e adulta, mas a segurança e a eficácia desse procedimento