n º 21
Agosto de 2015
Teoria e prática
Alunos do curso BLH com a pediatra Rosana Cristina Rebellato,
de Blumenau, 1ª à direita
Lobale, o aplicativo que conecta
mães aos bancos de leite humano
O Localizador de Bancos de Leite Humano
(BLH), ou simplesmente Lobale, é um aplicati-
vo, disponível no
site
trocandofraldas.com.br,
que funciona como ferramenta para as mães
que gostariam de doar o leite materno exce-
dente. A ideia é simples, basta digitar o en-
dereço ou CEP e o Lobale aponta exatamente
a localização do Banco de Leite Materno ou
posto de coleta mais próximo da casa.
O objetivo é incentivar a doação, pois, se-
gundo dados da Fiocruz, 10% dos bebês
brasileiros, cerca de 280 mil recém-nascidos,
são prematuros e boa parte deles depende do
leite que é doado. Além disso, crianças recém-
-nascidas possuem sensibilidade a produtos
industrializados e há mães que não têm pro-
dução suficiente ou, por diferentes motivos,
não podem amamentar. Maria José Mattar, do
Departamento de Aleitamento Materno
da SBP
, apoia a iniciativa. Todas as mães com
leite materno além do necessário para alimen-
tar o próprio filho podem contribuir.
Em São Paulo, o Banco de Leite Humano do
Hospital Regional Sul de Santo Amaro é um
dos mais importantes do estado. Com cerca de
29 doadoras, recolhe, em média, 50 litros por
mês. No entanto isso não é suficiente para su-
prir a demanda. “O leite que chega é utilizado
principalmente para amamentar os bebês que
têm alto risco e encontram-se na UTI neonatal.
Por isso, incentivar a doação é extremamente
importante”, comenta a pediatra Rosângela
Gomes dos Santos, do Comitê de Aleitamento
Materno da SPSP e responsável técnica pelo
BLH do Hospital Regional Sul de Santo Amaro.
A SBP recomenda o Lobale “com entu-
siasmo”, define a dra. Maria José. Acesse
o
e
apoie também!
Campanha para doação
Como parte das ações em comemo-
ração ao Dia Mundial de Doação de
Leite Humano, o
Ministério da Saúde
lançou, em maio, em Brasília, campanha
que tem como lema “Seja doadora de
leite materno e faça a diferença na vida
de muitas crianças”. Na cerimônia, a
Sociedade de Pediatria do Distrito
Federal
(SPDF) foi representada pela
dra. Miriam Santos, da coordenação de
Aleitamento Materno dos Bancos de Lei-
te Humano do Distrito Federal. Em 2015,
as atividades marcam também 30 anos
de Políticas Públicas dos Bancos de Leite
Humano em defesa do bebê prematuro.
Com duração de um ano, o movimento
tem mensagens que enfatizam que
o leite doado serve para salvar a vida
dessas crianças, quando não podem ser
amamentadas pelas próprias mães.
Para a pediatra Miriam Santos é impor-
tante salientar que toda mulher é capaz
de amamentar e que, antes de orientar
uma suplementação com fórmula, os
profissionais devem apoiar as mães na
amamentação.“Os pediatras têm papel
primordial neste processo. Se, nos casos
em que é preciso complementação, todos
incentivarem que ocorra com o leite da
própria mãe e ainda que haja doação,
teremos um ganho enorme”, salienta.
A médica reforça que, “com as novas
tecnologias e a sobrevivência dos prema-
turos, é importante termos este alimento
singular, disponível para essas crianças.
No Brasil, necessitamos ainda de muita
doação”, diz. Para saber mais, o endereço
é
Movimento forte
na Bahia
A
Sociedade Baiana de Pediatria
(Sobape)
e o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba)
participaram, em abril e maio, da campanha
social de orientação ao aleitamento materno
e de incentivo à doação de leite humano,
realizada no Salvador Shopping, na capital
baiana. Com o mote “De mãe para mães”, a
programação ofereceu cursos para gestantes,
aulas de ginástica pós-parto e sessões de
baby
yoga. Além disso, profissionais esclareceram
dúvidas diversas sobre o tema e realizaram
cadastramento de doadoras de leite.
De acordo com a presidente do Departamento
de Aleitamento Materno da Sobape e diretora
do Iperba, Dolores Fernandez
(foto)
, somente
em 2014 cerca de três mil mães e bebês com
dificuldades de amamentação foram assisti-
das pelo banco de leite humano do instituto.
A campanha também recolheu frascos de vi-
dro com tampa plástica para armazenamento
seguro das doações. O Iperba conta ainda
com uma equipe do Corpo de Bombeiros que
busca o leite coletado na casa das doadoras.
Simpósio em Recife
No dia 21 de agosto, a
Sociedade de Pe-
diatria de Pernambuco
(Sopepe) realizará,
em Recife, o seu tradicional Simpósio de
Aleitamento Materno, já na décima edição
consecutiva e tendo o dr. Cícero Cruz Mace-
do, do Ceará, como convidado. Em maio, a
entidade participou da campanha de estímulo
à doação de leite humano e coleta de vidros.
Segundo Lúcia Trajano, presidente do Comitê
da filiada, o trabalho é constante e tem tam-
bém por objetivo trazer os pediatras para o
engajamento na temática.
Novo curso no Amazonas
Atendimento pediátrico em Roraima
Em Roraima, o serviço público estadual oferece atendimento pediátrico para filhos de doadoras,
junto ao Banco de Leite Humano de Boa Vista. “Agendamos a consulta por telefone, ligamos
para perguntar pelas crianças, recebemos ligações e tiramos dúvidas. Funciona como se fosse
um consultório particular. O serviço também dispõe de um ‘dia de beleza’ semanal, que é
quando a doadora pode fazer as unhas, cortar os cabelos e se maquiar. A informação é da
presidente da
Sociedade Roraimense de Pediatria
, Adelma Figueirêdo.
Riscos e consequências do desmame precoce, características nutricionais do leite humano,
políticas nacionais de aleitamento materno e estudos de casos clínicos são alguns dos assuntos
do novo curso idealizado pela
Sociedade Amazonense de Pediatria
(SAPED) e pela disci-
plina de Pediatria da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), que está sendo lançado pela
Superintendência de Saúde do Amazonas e pela UEA, na SMAM 2015. A informação é do dr.
Jefferson Pereira Guilherme, presidente do Comitê da filiada e da coordenação do projeto.
A iniciativa foi testada em 2014, em Manaus, com a colaboração das Secretarias municipal de
Saúde e 90 participantes. Desde então, o programa vem sendo aprimorado nas reuniões do
Grupo Técnico de Aleitamento Materno do Amazonas, com forte apoio pedagógico do grupo
da disciplina de Pediatria. “Isso possibilitou um formato mais moderno, prático e dinâmico”,
salienta o dr. Jefferson.
Com 20 horas, o curso é realizado em um sistema de rodízio dos grupos de quatro oficinas, que
utilizam metodologias ativas de aprendizagem. Alguma atividade é desenvolvida como ‘tarefa
de casa’, em ambiente virtual, com visualização de vídeos, confecção de guias e diretrizes e
participação em
chats
, completando 20% da carga horária. Em todo tempo, o professor atua
como facilitador e/ou orientador, ao dispor de técnicas que desenvolvem a capacidade de
análise para a solução de problemas reais e reorganização de processos de trabalho. Há aulas
práticas no ambulatório de aleitamento materno e nos alojamentos conjuntos de maternidades,
onde ocorre a observação de mamadas e de ordenhas, além das simulações de atendimento
usando técnicas de aconselhamento. “É voltado para profissionais de saúde e tem sido elogiado
por respeitar o conhecimento anterior do participante”, assinala o dr. Jefferson.